O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (25) ter dito ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para ser “bonzinho” com Gaza em meio ao cerco, durante telefonema realizado na terça-feira (22).
As informações são da agência de notícias Anadolu.
A bordo da Força Aérea Um, questionado por jornalistas se tratou do fluxo humanitário a Gaza, Trump insistiu ter aconselhado o premiê, foragido internacional: “Você tem que ser bonzinho com Gaza”.
“Aquela gente está sofrendo”, alegou Trump. “Temos que ser bonzinhos com Gaza. Nós vamos ter que cuidar disso. Eles precisam muito de remédios — comida e remédios, e nós vamos ter que cuidar disso”.
Questionado se seu governo está pressionando a liderança israelense a permitir acesso de comida e medicamentos, Trump mentiu: “Sim, estamos”.
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Mais cedo, na sexta-feira, o Programa Alimentar Mundial (PAM) anunciou ter “exaurido todos os seus estoques” para as famílias de Gaza, à medida que Israel mantém todas as fronteiras fechadas desde 2 de março, semanas antes de revogar o cessar-fogo.
O PAM advertiu ainda que suas cozinhas — uma linha de salvação que, porém, fornece apenas 25% das demandas diárias a metade de população palestina — devem esgotar seus suprimentos em questão de dias.
A agência das Nações Unidas reiterou que todas as 25 padarias que recebiam seu apoio fecharam as portas em 31 de março, após acabarem os estoques de farinha de trigo e insumos combustíveis para cozinhar os alimentos. Rações alimentares, distribuídas às famílias carentes, se exauriram na mesma semana.
O PAM alertou também para “escassez severa de água limpa e combustível usado para cozinhar — forçando as famílias a improvisar itens para cozinhar suas refeições”.
Gaza sofre o maior longo fechamento de suas fronteiras em sua história, sem acesso a insumos comerciais ou humanitários há sete semanas.
O PAM reportou carestia de 1.400% no preço dos alimentos, comparado ao período de cessar-fogo, entre 19 de janeiro e 18 de março, enquanto se esgotam as commodities essenciais à população carente.
Para a organização, há receios de “graves problemas de nutrição” sobretudo em grupos vulneráveis, como crianças pequenas, mulheres grávidas ou lactantes e idosos.
Mais de 116 mil toneladas de assistência humanitária — o bastante para alimentar um milhão de pessoas por quatro meses — esperam para entrar em Gaza nas travessias de fronteira, sem, contudo, autorização das autoridades ocupantes.
Desde outubro de 2023, Israel matou ao menos 51.400 pessoas, sobretudo mulheres e crianças. São também dois milhões de desabrigados, sob cerco expresso — sem água, comida, energia elétrica, combustível ou medicamentos.
Em janeiro de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, aceitou a denúncia sul-africana contra Israel, pelo crime de genocídio em Gaza, ao levar o Estado ocupante, pela primeira vez, ao banco dos réus.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), também em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade.
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