Os Estados Unidos estão prestes a oferecer à Arábia Saudita um pacote de armas no valor de bem mais de US$ 100 bilhões, disseram à Reuters seis fontes com conhecimento direto do assunto, afirmando que a proposta estava sendo preparada para ser anunciada durante a visita do presidente americano, Donald Trump, ao reino no próximo mês.
O pacote oferecido surge após o governo do ex-presidente Joe Biden tentar, sem sucesso, finalizar um pacto de defesa com Riad, como parte de um amplo acordo que previa a normalização dos laços da Arábia Saudita com o Estado de ocupação de Israel.
A proposta de Biden oferecia acesso a armamentos americanos mais avançados em troca da interrupção das compras de armas chinesas e da restrição dos investimentos de Pequim no país. Não está claro se a proposta do governo Trump inclui requisitos semelhantes.
A Casa Branca e o escritório de comunicações do governo saudita não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.
Uma autoridade de defesa dos EUA disse: “Nossa relação de defesa com o Reino da Arábia Saudita está mais forte do que nunca sob a liderança do presidente Trump. Manter nossa cooperação em segurança continua sendo um componente importante desta parceria e continuaremos a trabalhar com a Arábia Saudita para atender às suas necessidades de defesa”.
Em seu primeiro mandato, Trump comemorou as vendas de armas para a Arábia Saudita como benéficas para os empregos nos EUA.
A Lockheed Martin Corp (LMT.N) poderia fornecer uma gama de sistemas de armas avançados, incluindo aeronaves de transporte C-130, disseram duas das fontes. Uma fonte afirmou que a Lockheed também forneceria mísseis e radares.
LEIA: Trump diz que ele e Netanyahu estão do mesmo lado em todas as questões
A RTX Corp (RTX.N), anteriormente conhecida como Raytheon Technologies, também deverá desempenhar um papel significativo no pacote, que incluirá suprimentos de outras grandes empresas de defesa dos EUA, como a Boeing Co (BA.N), a Northrop Grumman Corp (NOC.N) e a General Atomics, disseram quatro das fontes.
Todas as fontes não quiseram ser identificadas devido à sensibilidade do assunto.
RTX, Northrop e General Atomics não quiseram comentar. A Boeing não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Um porta-voz da Lockheed Martin afirmou que as vendas militares estrangeiras são transações entre governos. Questões sobre vendas a governos estrangeiros são melhor abordadas pelo governo dos EUA.
Muitos dos negócios estão em andamento há algum tempo, disseram duas das fontes. Por exemplo, o reino solicitou informações sobre os drones da General Atomics pela primeira vez em 2018, disseram elas. Nos últimos 12 meses, um acordo de US$ 20 bilhões em drones MQ-9B SeaGuardian e outras aeronaves da General Atomics entrou em foco, de acordo com uma das fontes.
Vários executivos de empresas de defesa estão considerando viajar para a região como parte da delegação, disseram três das fontes.
Os EUA fornecem armas à Arábia Saudita há muito tempo. Em 2017, Trump propôs aproximadamente US$ 110 bilhões em vendas para o reino.
Em 2018, apenas US$ 14,5 bilhões em vendas haviam sido iniciadas e o Congresso começou a questionar os acordos em vista do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado saudita na Turquia.
Em 2021, sob o governo Biden, o Congresso impôs a proibição da venda de armas ofensivas à Arábia Saudita após o assassinato de Khashoggi e pressionou o reino a encerrar a guerra no Iêmen, que havia causado pesadas baixas civis.
Segundo a lei americana, os principais acordos internacionais de armas devem ser revisados por membros do Congresso antes de serem finalizados.
O governo Biden começou a suavizar sua posição em relação à Arábia Saudita em 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia impactar o fornecimento global de petróleo. A proibição da venda de armas ofensivas foi suspensa em 2024, à medida que Washington passou a trabalhar mais estreitamente com Riad após a guerra genocida de Israel em Gaza e o plano pós-guerra dos EUA para o enclave, que inclui a transferência de palestinos para fora do enclave.
Um possível acordo para os jatos F-35 da Lockheed, no qual o reino supostamente demonstra interesse há anos, deve ser discutido, disseram três das fontes, minimizando as chances de um acordo para o F-35 ser assinado durante a viagem.
Os Estados Unidos garantem que seu aliado próximo, Israel, recebe armas americanas mais avançadas do que os países árabes, o que lhe confere o que é chamado de “Vantagem Militar Qualitativa” (VME) sobre seus vizinhos.
Israel possui F-35 há nove anos, tendo construído vários esquadrões.