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Trump ameaça ‘inferno na Terra’ em Gaza caso reféns não sejam libertados

O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou romper o cessar-fogo e permitir ‘um inferno na Terra’ em Gaza caso os prisioneiros de guerra israelenses não sejam libertados até a meia-noite de sábado (15). Seus comentários sucedem a suspensão do processo pelo Hamas após reiteradas violações do cessar-fogo por Israel.

11 de fevereiro de 2025, às 10h23

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta segunda-feira (10) romper o cessar-fogo e permitir “um inferno na Terra” em Gaza caso os prisioneiros de guerra israelenses não sejam libertados até a meia-noite de sábado (15).

“No que me diz respeito, se todos os reféns não forem devolvidos até meia noite de sábado — acho que esse é um bom prazo —, eu diria, cancela tudo que a casa fechou e vai ser um inferno na Terra”, declarou Trump a repórteres no Salão Oval.

“E se eles não forem devolvidos — todos eles, não em pedacinhos, não um ou dois, ou três ou quatro —, até meia noite de sábado, depois disso, eu diria, deixa o inferno rolar”, acrescentou.

Seus comentários vieram após o movimento palestino Hamas anunciar a suspensão da troca de prisioneiros após violações do cessar-fogo por parte de Israel.

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“Cumprimos todas as nossas obrigações”, destacou Abu Ubaida, porta-voz do Hamas. “Mas Israel não cumpriu”.

Conforme os termos da trégua, o exército israelense deveria permitir a entrada de 12 mil caminhões de ajuda humanitária em Gaza, mas apenas 8.500 tiveram salvo-conduto até então. Dos 50 caminhões de combustíveis diários previstos pelo acordo, Israel tem permitido passagem de apenas quinze.

Além disso, as forças da ocupação negaram a entrada de casas móveis no enclave, apesar do acordo prever entrega de 60 mil unidades; das 200 mil tendas previstas para serem distribuídas, apenas um décimo entrou em Gaza.

Trump estendeu suas ameaças ao Oriente Médio, ao sugerir cancelar toda a ajuda americana a Egito e Jordânia caso não aceitem receber os palestinos de Gaza mediante transferência compulsória — isto é, crime de guerra e limpeza étnica.

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A Jordânia recebe US$1.5 bilhão por ano dos Estados Unidos, contra US$1.3 bilhão destinado ao Egito.

À véspera do encontro com o rei da Jordânia, Abdullah II, em Washington, Trump insistiu em uma capitulação ao alegar que o monarca “tem bom coração”.

O presidente e oligarca indicou na semana passada, diante da visita do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, intenções de expropriação imobiliária de Gaza, ao descrever o enclave como “Riviera do Oriente Médio”

A medida foi rechaçada por Egito, Jordânia e pela comunidade internacional.

Sobre a Cisjordânia ocupada, sob ataques israelenses no contexto do cessar-fogo em Gaza, Trump alegou não ter planos de transferência dos palestinos nativos.

Israel manteve ataques indiscriminados a Gaza entre outubro de 2023 e 19 de janeiro de 2025, quando entrou em vigor o acordo de cessar-fogo.

Neste entremeio, a campanha israelense deixou mais de 47 mil mortos, 111 mil feridos e dois milhões de desabrigados, além de destruição massiva da infraestrutura civil do enclave sitiado.

As ações israelenses levaram o Estado da ocupação ao banco dos réus do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia de genocídio da África do Sul, deferida em janeiro de 2024.

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