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Karim Aïnouz retrata raízes e transformações na Argélia

O cineasta cearense de origem argelina lança dois filmes no Brasil, Marinheiro das Montanhas e Nardjes A., ambos filmados na Argélia, com estreia no dia 28. Confira entrevista exclusiva com o diretor.
O cineasta cearense Karim Aïnouz [Maria Lobo/Motel Destino]

O cinema de Karim Aïnouz é uma jornada por histórias profundamente pessoais e de personagens revolucionárias. O diretor cearense registrou sua primeira viagem ao país de seu pai em Marinheiro das Montanhas, um diário de viagem à Argélia e talvez seu filme mais íntimo até hoje. Lá, ele encontra familiares em Cabília, um povoado nas montanhas de onde vieram os Aïnouz, e aprende mais sobre essa história que é parte de sua identidade. As filmagens aconteceram no início de 2019, quando o povo argelino se manifestava contra um quinto mandato do então presidente Bouteflika. O diretor sentiu a necessidade de mostrar essas manifestações em Argel e o fez pelos olhos de Nardjes A., uma jovem ativista argelina que dá nome ao documentário. Ambas as obras estreiam nesta quinta-feira (28) no Brasil.

Em entrevista à ANBA em um hotel em São Paulo, Karim Aïnouz falou sobre o mergulho em suas raízes e na história de revoluções da Argélia, que desaguou nos dois títulos; sobre Firebrand, seu primeiro longa de ficção internacional, que concorreu à Palma de Ouro em Cannes este ano e deve estrear no Brasil em janeiro de 2024, e sobre projetos futuros.

Contém alguns spoilers.

Karim Aïnouz nasceu em Fortaleza, no Ceará. Sua mãe, Iracema, conheceu Majid Aïnouz nos Estados Unidos nos anos 1970, quando estudava em uma universidade de lá. Mas Majid voltou para a Argélia para lutar pela independência e Karim só foi conhecer o pai aos 15 anos, em Paris.

Marinheiro das Montanhas, segundo Karim, é um filme primo de seu longa de 2009, Viajo porque preciso, volto porque te amo. “E também do meu primeiro curta, Seams, que está no Youtube. É um filme que fiz para minha vó. Não achava que queria fazer cinema, queria fazer um registro da minha avó, minha amada avó Branca”, contou.

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O diretor decidiu visitar o país de origem de seu nome sozinho. “Eu achava que queria fazer essa viagem com meu pai, que queria ele me mostrasse a Argélia, que fosse um desvendamento do país através dos olhos dele, mas ele nunca tinha me convidado para ir para lá”, contou. Depois de se separar da mãe de Karim, Iracema, Majid se casou com uma argelina e teve uma nova família.

Karim organizou a viagem, o projeto, conseguiu orçamento e ligou para o pai um dia antes de viajar, avisando que estava indo para Argel. Seu pai chegou a ir para a capital argelina encontrá-lo, mas Karim contou que só ligou a câmera depois que o pai foi embora de volta para Paris, onde vive até hoje.

“Quando cheguei lá eu entendi que realmente queria fazer aquela viagem sozinho, não queria ver pelos olhos dele, porque acho que se quisesse ver pelos olhos dele, eu já tinha ido quando era menino, então achei que era muito importante descobrir aquele lugar sozinho”, contou.

Carta para a mãe

O diário de viagem é narrado por Karim como se estivesse contando a história para sua mãe, Iracema. “Eu entendi que era uma viagem que eu tinha feito não só para descobrir de onde vem o meu pai, de onde vem meu avô, de onde vem meu nome, mas uma viagem que eu queria ter feito com a minha mãe e que a gente não fez, então achei que era mais contundente, pessoalmente e dramaturgicamente, eu contar essa viagem para ela, que era para quem eu queria contar. Ela que tinha curiosidade sobre esse lugar que ela nunca pôde ir. Era caro ir para a Argélia, era difícil. Foi muito difícil, depois que ela voltou para o Brasil, me criar sozinha, e quando eu cheguei lá, me dei conta”, disse.

Homenagem ao avô Idir

Para Karim, naquele momento ficou muito claro que aquele não era um filme sobre seu pai, mas um filme sobre o legado político de sua família. “Eu tinha uma relação muito mais próxima com meu avô do que com meu pai. Meu avô foi embora para Paris, foi uma vida muito cruel. Meu avô lutou durante uns vinte anos pela independência [da Argélia], e quando teve o primeiro governo revolucionário, ele fez parte do Ministério das Relações Exteriores. E aí teve um golpe dentro do próprio partido e ele foi exilado, então é um negócio muito triste”, contou.

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Ele se lembra de quando o avô Idir morreu, em 2004, em Paris. Karim já morava na Alemanha. “Eu recebi a ligação e fui para Paris no enterro dele, e me lembro de, no cemitério onde ele estava sendo enterrado [pensar]: gente, tudo que meu avô não queria era ser enterrado na França. Então eu acho que talvez tenha sido uma viagem muito mais para descobrir quem era meu avô, o que foi que meu avô fez na época da guerra, o que ele fez na época da revolução, do que sobre meu pai”, disse.

Karim saiu de Fortaleza com destino a Paris, na França, em 1985, onde ficou por dois anos morando com o pai. “Conheci meu avô antes de conhecer meu pai. Achava que meu pai morava na Argélia, e sabia que meu avô morava em Paris. Então eu conheci meu avô, ele que me apresentou ao meu pai, e minha relação com meu avô era muito mais quente, assim, do que a relação com meu pai. E vou te confessar uma coisa, […] acho que para o meu pai foi tudo muito difícil, e com meu avô aprendi muito mais sobre a Argélia, então foi muito bonito encontrar esse irmão dele, meu tio-avô [que aparece em Marinheiro das Montanhas], e que me conta do meu avô coisas que ele… acho que quem passou por guerra não quer falar de guerra, né. Então o que eu sabia do meu avô era um pouco idílico sobre a Argélia, sobre a montanha, sobre a Cabília, então para mim foi muito mais sobre encontrar de onde vieram meu avô e minha avó do que exatamente meu pai”, declarou.

Em Marinheiro das Montanhas, Karim Aïnouz encontra um homônimo pelo caminho, e quando chega em Cabília, descobre uma comunidade de Aïnouz. “Foi uma loucura, foi muito maluco aquela hora de entrar no cemitério. Porque eu me lembro, quando fui criado em Fortaleza, nossa primeira casa era perto do cemitério, e era um lugar que a gente ia de vez em quando, então não era um tabu, [nossa casa] era a 300 metros do cemitério, e não tinha naquele cemitério nem jamais terá um nome Aïnouz, porque eram gerações anteriores da [família] da minha mãe”, lembrou.

No cemitério em Cabília, Karim viu o nome de sua família e entendeu o lastro histórico e de permanência naquele lugar, mesmo tendo tido um movimento migratório grande. “Foi muito profundo entender que de fato aquele povo tinha raízes ali, que são raízes ancestrais, mesmo de séculos e séculos e séculos que estão ali naquele lugar”, disse.

O cineasta descobriu na Cabília um lugar milenar, cheio de mitologia, e também a história de um povo que resistiu à colonização francesa. “Ali tem os povos originários da África do Norte, os berberes, que foram submetidos a várias invasões, foram os fenícios, os romanos, depois os otomanos, que se estendem ali, depois chegaram os árabes. Então eram povos que viviam na planície, e que se refugiaram no pico das montanhas porque era muito difícil chegar lá, então foi muito bonito descobrir. E aí tem os cabilis, tem os árabes, para mim é tudo misturado, claro que são etnias diferentes, mas são etnias muito próximas. Para mim também foi muito revelador descobrir de onde vem esse povo… a história desse povo”, contou.

Durante as filmagens, Karim leu contos berberes, que trazem a mitologia cabili, que não é muçulmana. “Eles eram animistas, então tem uma coisa superinteressante, de contos fantásticos, aquele conto que eu falo da Ines no final foi muito inspirado em um conto que eu estava lendo na época, são contos folclóricos mesmo, da mitologia berbere, e aquela mitologia da fundação do mundo, tudo aquilo foram coisas que eu fui descobrindo quando estava lá. Então foi muito impressionante descobrir realmente esse universo que eu não tinha a menor ideia”, disse.

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O diretor contou que não se reconheceu como argelino na viagem. “De fato, não [me reconheci], porque na verdade eu sou muito mais cearense que qualquer coisa, talvez seja muito mais outras coisas do que argelino, mas acho que é uma história tão bonita que mesmo que eu não me sinta pertencendo, eu quero ser abraçado por eles, é muito rico”, disse.

Nardjes A.

A princípio, a ideia era fazer apenas um filme durante a viagem à Argélia. “Fui fazer o Marinheiro [das Montanhas] e quando cheguei lá, fui atrás de entender – na verdade quando fui atrás do meu pai, meu avô, fui atrás de entender a história política daquele país que é uma história excepcional, da qual eu sou fruto, mas da qual eu sabia muito pouco. Fiquei muito obcecado com a revolução, com a Guerra de Independência, de emancipação do poder colonial, enfim, acho que o Marinheiro é muito mais um filme sobre as consequências do colonialismo e a reação ao colonialismo, antes de qualquer coisa. Tem ali eu, meu pai, meu avô, tem minha história, mas acho que o grande tema do filme é o retrato de um país que se emancipou de um poder colonial muito cruel”, disse.

Na chegada a Argel, Karim ficou olhando para o passado, para a guerra na década de 1950, que culminou na independência do país, em 1962. No fim do seu segundo fim de semana em Argel, em fevereiro de 2019, havia uma multidão de pessoas na rua lutando contra o fim do então governo. “Eu fiquei muito tomado, porque fiquei sonhando, e se fosse no Brasil?”, diz.

Mulheres e um acerto de contas

Karim então começou a filmar as ruas tomadas pelas cores da bandeira nacional, verde, vermelho e branco. “Também comecei a entender que no Marinheiro era muito difícil filmar mulheres, porque o espaço público muçulmano é muito masculino, muito patriarcal. E eu não conseguia ter acesso a personagens femininas, e me dei conta que nessas manifestações tinha muitas mulheres na rua, porque as mulheres tiveram papel fundamental na Guerra da Independência. Existia uma presença gigante das mulheres na guerra de independência (1958)”, disse.

Então o cineasta teve a ideia de filmar as manifestações a partir de um personagem feminino. “Eu fiquei com muito tesão de filmar essas manifestações. Pensei, tenho que filmar essas manifestações a partir de um personagem feminino, quase como um acerto de contas com relação ao Marinheiro”, contou.

Ele entrou em contato com um amigo que tem uma agência de elenco que agencia atrizes e atores argelinos, porque achou que seria importante ter alguém que tivesse alguma intimidade com a câmera. A ideia era seguir uma manifestante durante um dia inteiro em uma dessas manifestações, e coincidentemente, seria o Dia Internacional da Mulher, 08 de março de 2019.

“Eu conheci e fiquei encantado com a Nardjes [se pronuncia Nardjés], que de um lado tinha algo dela que lembrava um pouco do fogo da minha mãe, de uma certa irreverência, de uma certa raiva, e de outro lado, ela me disse uma coisa que foi encantadora. Ela disse: eu deixo você me filmar, eu vou às manifestações todo fim de semana, é a terceira manifestação que vai ter, é perigoso, podemos ser presos, mas eu adoraria documentar isso. Só que eu não vou atuar para você, você vai filmar a Nardjes ativista”, lembrou Karim.

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O diretor filmou a manifestação sem saber exatamente se seria um filme. “Aquilo para mim era quase que um material que ia me fazer feliz se eu puder vê-lo depois, porque tem tanta esperança naquilo. E aí depois que comecei a montar o Marinheiro, entendi que ali tinha um outro filme que talvez fosse primo”, disse.

A princípio, Karim Aïnouz tentou encaixar as manifestações na montagem de Marinheiro. “Tentei várias vezes. E você vai notar, tem um momento do Marinheiro, no final, que tem um escrito em árabe, que diz “Revolução para sempre” ou “A revolução vencerá”, e os sons são do Nardjes A., então teve um momento, durante muitos meses tinha uma parte daquilo que era parte integral do Marinheiro, de quando eu cheguei [em Argel], e encontrei aquela revolução”, contou.

Mais elegante, produtivo e eficaz

“Só que achei que era muita coisa para dar conta e que era mais elegante, produtivo e eficaz se fossem dois objetos diferentes. Então fiz o Marinheiro e do outro lado achei que tinha um material ali. E uma coisa que é importante falar é que o Nardjes foi filmado em 2019, e foi apresentado no [festival alemão] Berlinale em 2020. Acho que uma das razões por que eu fiz o Nardjes foi exatamente também para se falar de algo que se conhecia pouco. Se falava muito pouco do que estava acontecendo. Dessas insurreições que estavam acontecendo em Argel, e foi muito bonito ter podido passar esse filme no Berlinale e jogado um pouco de luz, ela [Nardjes] foi para a exibição na Alemanha. Então para mim, tinha uma questão quase de desvendar um pouco algo muito importante que estava acontecendo e que não estava sendo documentado”, declarou.

Karim e Nardjes são bons amigos até hoje e ele contou à reportagem que falou com ela há cerca de uma semana, e que estava indo para Argel encontrar com ela nessa semana. O diretor sente que ainda tem que fazer outro filme lá, desta vez, uma ficção.

“Tenho muita vontade de fazer [mais] um filme lá [na Argélia], quase uma ficção científica, tenho vontade de fazer no deserto. Tem uma história que eu estou fazendo, um projeto agora em que estou fascinado, que foram experimentos nucleares que a França fez no deserto [da Argélia] na década de 1960, que são maiores do que Hiroshima. O que a França fez no deserto é um negócio inacreditável, que ninguém fala, e eu tenho muita vontade de fazer um filme sobre isso”, contou, sobre os planos futuros.

Nardjes A. chama atenção, além do aspecto político, pela quebra dos estereótipos da mulher árabe muçulmana. A ativista tem cabelos curtos, sai para dançar, faz teatro, não usa véu. “Isso foi tão importante, porque essas mulheres árabes foram as mulheres que fizeram as guerras de independência pós-coloniais. Tem toda uma parte da Frente de Libertação Nacional que é o Exército de Libertação Nacional da Argélia que era o exército de mulheres. E a Nardjes é neta de uma dessas mulheres. Não é só que ela é uma mulher moderna, contemporânea, emancipada, ela é neta de uma mulher que também era ativista. E acho que é um pouco isso, o grande interesse de fazer o Marinheiro, de fazer Nardjes é isso. Existe uma história que a gente precisa de fato revelar, jogar luz e é muito lindo ver as mulheres que tomaram armas para lutar contra o exército francês, na década de 1960 na Argélia, é impressionante, e no mundo árabe tinha um monte, no Líbano, no Egito, Marrocos”, declarou.

Primeiro longa de ficção internacional

Em Cannes, em maio deste ano, Karim Aïnouz estreou Firebrand [ainda sem título em português], seu primeiro longa-metragem de ficção internacional, com estreia prevista para janeiro no Brasil. O filme tem como protagonistas o ator britânico Jude Law e a atriz sueca Alicia Vikander, e conta a história dos últimos meses da vida da rainha inglesa Catherine Parr. O longa foi indicado à Palma de Ouro no festival francês. Ele contou à ANBA como surgiu esse projeto.

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“Quando terminei de fazer Vida Invisível, o cinema brasileiro foi interrompido radicalmente com o que aconteceu politicamente [em 2019] e uma produtora inglesa maravilhosa me procurou – eu precisava trabalhar e fui atrás dos projetos que estavam no mercado. Encontrei com ela e ela me propôs a história dessa rainha, revolucionária, mesmo sendo rainha, e eu questionei, mas por que você quer que eu faça isso? Não tenho nada a ver com ela, foi 500 anos atrás. E ela falou: porque eu acho que ela tem o DNA das suas personagens femininas. E realmente ela tinha […] uma coisa de resistência, de mudança política. Acho que o que ela fez foi muito radical, politicamente, e foi um pouco daí que eu me apaixonei pela Catherine Parr e que o projeto andou. Então durante a pandemia, eu ficava montando o Marinheiro e estudando a vida da Catherine Parr, para entender se realmente essa intuição que eu tinha com relação a ela fazia sentido, e foi assim que o Firebrand surgiu, aí a gente foi escrevendo o roteiro, tinha um livro sobre o qual o filme foi baseado, depois a gente foi mudando e escrevendo um roteiro que focava especificamente nos últimos meses da vida dela”, contou.

Karim falou sobre a experiência de trabalhar com atores de Hollywood. “Sabe o que foi muito legal? É tudo gente. O que acontece é que eles são muito conhecidos, tem uma máquina ali, o Jude Law não é estrela porque tem a máquina, mas a máquina faz dele uma estrela maior, Alicia Vikander também. Então foi muito bacana trabalhar num ecossistema que na largada vai ter uma visibilidade mundial porque todo mundo sabe quem eles são. Acho que isso é um atalho maravilhoso para a vida de um filme. E são atores muito experientes, acho que isso é sempre um presente para um diretor, não só eles dois, mas o elenco geral do Firebrand, um elenco de teatro clássico inglês com uma história muito bonita, muito rica, então foi divertido. Às vezes era difícil, porque estrela é estrela, tem hora que eles se acham a coisa mais importante do mundo, mas depois acho que a relação do diretor com o ator entra numa velocidade de cruzeiro, quando você tem ali uma confiança de um lado e de outro. Foi muito bom”, disse.

Ele mencionou ainda a experiência de filmar uma história de época. “A gente tem medo de fazer filme histórico no Brasil, então foi bom aprender isso, acho que não é à toa que existe uma mitologia tão grande sobre a monarquia inglesa. Parte disso é graças ao cinema. Foram muitos filmes feitos. Então aprender a fazer isso e talvez usar esse modelo para a gente fazer também uma série de filmes que falem da história da gente, no Brasil, foi muito bom”, concluiu.

Karim Aïnouz segue morando em Berlim, na Alemanha. Depois de Firebrand, ele filmou Motel Destino, no Ceará, e deve começar a filmar em breve seu novo longa de ficção internacional, Rosebushpruning.

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Publicado originalmente em Anba

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