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Colaboradores de Assad roubam casas de de refugiados sírios, alerta reportagem

Refugiados sírios no campo de Kawergosk em Erbil, no Iraque, em 22 de dezembro de 2022 [Ahsan Mohammed Ahmed/Agência Anadolu]

Casas e propriedades de refugiados sírios estão sendo roubadas por redes corruptas ligadas ao regime de Bashar al-Assad, revelou uma investigação conjunta do jornal britânico The Guardian e duas ongs sírias.

Segundo a reportagem, tais redes incluem advogados, tabeliães e corretores de imóveis que se aproveitam da ausência dos proprietários e do longo processo litigioso para forjar vendas.

A investigação acusou policiais, militares e indivíduos associados, incluindo membros das forças da Quarta Divisão, comandadas por Maher al-Assad, irmão do presidente, de contribuir com o processo de falsificação e expropriação.

A investigação mencionou também o chefe da sucursal da Ordem dos Advogados na região rural de Damasco, Muhammad Osama Burhan, que em agosto passado comentou sobre a prisão de profissionais da categoria por falsificar procurações para pessoas radicadas no exterior.

Nizar al-Sakif, ex-presidente da Ordem dos Advogados, afirmou previamente que o número de trabalhadores do direito caiu de 28 mil para 25 mil pessoas após demissão em massa por casos de corrupção, incluindo falsificação de documentos.

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A investigação abarcou relatos de cidadãos sírios cujas casas foram confiscadas após buscarem asilo no exterior. O judiciário do regime, conforme a investigação, negaram devolver as casas a seus donos originais.

Abdullah (31) teve sua residência expropriada por parentes ligados à Quarta Divisão. “Busquei um advogado para acompanhar meu caso, mas todos recusaram porque eu sou procurado pelas forças de segurança.”

“A negociação com meus parentes também fracassou”, acrescentou. “Os mediadores sofreram ameaças de delação por colaborarem com um inimigo do governo”.

Iman, médica cujo nome foi alterado por razões de segurança, deixou a Síria em 2017 e alugou sua casa a um funcionário público. Desde então, o locatário alegou ter seu consentimento para comprá-la, ao recorrer a uma procuração falsa aprovada pelo consulado sírio em Istambul.

“Não tenho nenhuma esperança real de recuperá-la. A responsabilidade é do judiciário corrupto e do consulado que permitiu isso e emitiu o documento sem que estivéssemos presentes. É por dinheiro, por pessoas que usaram suas conexões com o regime”, disse Iman.

Mais de 13 milhões de sírios foram forçados a fugir do país ou foram deslocados internamente como resultado da guerra civil que começou em 2011, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

As ongs The Day After e Syrian Investigative Reporting for Accountability Journalism (SIRAJ) colaboraram com o The Guardian para expor os casos de corrupção.

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