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Anistia: Refugiados da Síria em perigo depois que o Líbano os deporta

Crianças sírias em um campo de refugiados de Trípoli, no Líbano, em 3 de janeiro de 2021 [Mahmut Geldi/Agência Anadolu]

A Anistia Internacional pediu ontem (24) às autoridades libanesas que “parem imediatamente de deportar refugiados à Síria … diante do medo de que cidadãos sírios sofram risco de tortura ou perseguição nas mãos do governo ao regressar.”

O apelo ocorre após dezenas de refugiados sírios serem sumariamente deportados na semana passada, sob operações policiais oriundas da crescente xenofobia no país levantino, exacerbada pela crise econômica.

“Nenhum refugiado deve ser enviado a um lugar onde sua vida estará em risco”, reafirmou Aya Mazjoub, diretora adjunta da Anistia Internacional para Oriente Médio e Norte da África.

Centenas de milhares de sírios fugiram para o Líbano após o início da guerra civil em 2011, em meio à brutal repressão do regime de Bashar al-Assad contra manifestações por democracia.

Segundo autoridades, há cerca de dois milhões de refugiados sírios no Líbano, cerca de 830 mil dos quais registrados junto às Nações Unidas.

Em relatório, a Anistia Internacional citou a expulsão de dezenas de refugiados que entraram de forma irregular no Líbano ou cujos documentos de residência expiraram. A polícia e o exército conduziram operações nas casas dos refugiados.

A Anistia se baseou, em particular, no depoimento de Mohammed, irmão de um dos refugiados deportados. Segundo seu relato, “o exército libanês levou os refugiados diretamente para a fronteira e os entregou às forças sírias”.

“É extremamente alarmante ver o exército decidindo o destino dos refugiados, sem respeitar o devido processo legal ou permitir que aqueles que enfrentam deportação contestem a medida nos tribunais ou busquem proteção devida”, prosseguiu Mazjoub.

“Em vez de viver com medo mesmo após escaparem de atrocidades na Síria, os refugiados no Líbano deveriam estar protegidos de incursões arbitrárias e deportações ilegais”, concluiu.

Desde que o regime em Damasco recuperou o controle da maioria do território sírio, alguns países anfitriões têm buscado deportar refugiados, ao alegar certo fim às hostilidades no país. Organizações de direitos humanos advertem que refugiados enfrentam perseguição e que seu retorno não é seguro.

O Líbano conduziu diversas tentativas prévias de executar o “retorno voluntário” de cidadãos sírios a seu país. Ativistas descrevem os esforços como repatriação forçada.

LEIA: Mais da metade da população síria passa fome, alerta PMA

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