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Diplomatas pedem que Israel pare com o despejo de famílias palestinas

14 de março de 2023, às 11h03

Diplomatas europeus visitam palestinos sob ameaça de remoção forçada de suas casas em Jerusalém em 13 de março de 2023. [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

Diplomatas de quinze países europeus pediram ontem a Israel para interromper o despejo de famílias palestinas em Sheikh Jarrah, Silwan e na Cidade Velha de Jerusalém Oriental ocupada, informou Anadolu. Uma declaração nesse sentido foi emitida depois que uma delegação europeia visitou Jerusalém ocupada e se reuniu com as famílias Salem, Dajani, Daoudi e Hammad em Sheikh Jarrah, e a família Sub Laban na Cidade Velha.

A família Sub Laban receeu uma ordem para deixar sua casa na próxima quarta-feira. Enquanto isso, a Suprema Corte de Israel está considerando um pedido apresentado por colonos judeus ilegais para despejar as famílias Dajani, Daoudi e Hammad em 29 de março, durante o mês de jejum do Ramadã.

Um tribunal israelense adiou em 9 de março a consideração do pedido para despejar a família Salem. Não foi marcada nova data para a audiência. No entanto, o município de Jerusalém, administrado por Israel, informou ontem à família que deve demolir um cômodo de sua casa em 21 dias, sob o pretexto de que sua construção não foi autorizada.

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“Pelo menos 80 palestinos ficarão desabrigados se os despejos continuarem”, alertaram os diplomatas europeus. “Aproveitamos esta visita para reafirmar nossa forte oposição à política de assentamentos israelenses, que é ilegal de acordo com o direito internacional, bem como às medidas tomadas neste contexto, incluindo os despejos.”

A política de despejo do governo israelense “aumenta as tensões e contribui para a escalada da violência na Cisjordânia”, acrescentaram. “Isso aumenta a preocupação de que as autoridades israelenses planejem continuar a política de demolições em Jerusalém Oriental durante o mês do Ramadã.”

Os diplomatas afirmam que a política de assentamentos israelenses mina as chances de uma solução de dois Estados e de uma paz duradoura na região. “Também prejudica severamente a possibilidade de Jerusalém ser a futura capital dos dois estados.”

Raafat Sub Laban disse à Anadolu que os despejos fazem parte da política israelense organizada de deslocamento forçado de palestinos de Jerusalém Oriental. “Esta política equivale a um crime de guerra, e a comunidade internacional deve agir para acabar com esta situação injusta que dura mais de 75 anos.” O prédio em que sua família mora, acrescentou, já foi o lar de várias famílias palestinas que foram forçadas a sair desde a década de 1970. “Foi tomado por colonos ilegais. Somos a última família palestina aqui.”

Ele destacou que o governo israelense não tem mais vergonha e não esconde seu racismo e discriminação contra os palestinos. “Minha mãe tem sofrido de ansiedade severa e ataques de pânico, bem como depressão devido às repetidas tentativas israelenses de expulsá-la e tomar sua casa. E não estamos sozinhos; pelo menos 200 famílias na Jerusalém Oriental ocupada enfrentam a ameaça de despejo. ”

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