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Líbano e Israel firmam ‘acordo histórico’ sobre mares disputados

Área marítima disputada por Líbano e Israel, vista da cidade fronteiriça de Naqura, no sul do Líbano, em 24 de fevereiro de 2018 [Joseph Eid/AFP via Getty Images]

Líbano e Israel chegaram a um acordo histórico para demarcação de fronteiras marítimas entre as partes, após anos de negociações mediadas pelos Estados Unidos, declarou nesta terça-feira (11) o premiê israelense Yair Lapid, segundo informações da agência de notícias Reuters.

Embora mantenha um escopo limitado, o acordo representa uma concessão substancial dentre ambos os estados – ainda tecnicamente em guerra –, ao abrir caminho para exploração de gás natural e petróleo na bacia do Mediterrâneo e desescalada de tensões.

“Trata-se de uma conquista histórica que fortalecerá a segurança israelense, injetará bilhões em nossa economia e garantirá a estabilidade de nossa fronteira ao norte”, reiterou Lapid em nota.

O presidente libanês Michel Aoun insistiu que os termos da proposta final, submetida pela Casa Branca, foram satisfatórios e manifestou esperanças de que o pacto seja anunciado em âmbito formal assim que possível.

Israel explora gás natural em águas disputadas [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

O tratado tem como objetivo solucionar uma disputa territorial Mediterrâneo Oriental, em uma área reivindicada por Beirute para exploração de insumos energéticos. Israel já retira recursos de campos nos arredores.

O acordo estabelece uma fronteira marítima entre os países pela primeira vez, assim como um mecanismo para que ambos obtenham royalties dos campos em alto-mar. Contudo, os termos do pacto não abordam a fronteira por terra entre as partes.

O negociador libanês Elias Bou Saab afirmou à agência Reuters que o esboço mais recente “leva em consideração todas as reivindicações de Beirute”. “Penso que o outro lado sente o mesmo”, enfatizou Bou Saab.

Após uma série de tensões e troca de ameaças, o acordo recebeu apoio do movimento libanês Hezbollah – cujo braço armado tem forte ligação com Irã. Uma fonte do governo libanês e outra próxima ao Hezbollah corroboraram a anuência do grupo.

O Hezbollah, no entanto, não comentou formalmente sobre os avanços.

Israel investe na produção e exportação de gás natural na região disputada. O Líbano, contudo, tem seus esforços frustrados e protelados pela instabilidade política.

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Beirute guarda esperanças de que as reservas possam lhe dar novo impulso para superar a crise financeira que assola o país desde 2019, além de reabastecer a população com energia elétrica, após três anos de blecautes quase cotidianos.

Lapid, por sua vez, enfrenta uma nova rodada de eleições nacionais em 1º de novembro e busca garantir que o pacto seja ratificado por seu gabinete de segurança e pelo parlamento (Knesset), para recorrer à vitória em sua campanha eleitoral. A aprovação, no entanto, pode demorar três semanas.

O Instituto para Estudos de Segurança Nacional – think tank filiado à Universidade de Tel Aviv – descreveu o tratado como “situação vantajosa a ambas as partes”.

“Um acordo entre Israel e Líbano marca uma mudança positiva fundamental nas relações entre as partes … e pode abrir caminho para mais mudanças em seu relacionamento futuro”, afirmou o grupo em comunicado.

 

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