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Novas conversas nucleares entre EUA e Irã são ‘sérias’, afirma Moscou

Primeiro dia das negociações sobre o novo acordo nuclear iraniano, em Viena, Áustria, 29 de novembro de 2021 [União Europeia/Agência Anadolu]

Mikhail Ulyanov – enviado da Rússia para as negociações nucleares com Teerã – relatou nesta sexta-feira (5) a retomada de um ambiente “comprometido” para recuperar o acordo firmado em 2015, revogado por Washington três anos depois.

Expectativas de avanços, entretanto, permanecem baixas, sobretudo após um pico no enriquecimento de urânio para parte do Irã, segundo informações da agência Reuters.

Conversas indiretas entre Estados Unidos e a república islâmica voltaram a ocorrer na cidade de Viena, capital da Áustria, a partir desta quinta-feira (4), após um encontro entre Enrique Mora – coordenador da União Europeia – e o chefe da delegação iraniana – Ali Bagheri Kani.

Uma fonte europeia e outra iraniana corroboraram em junho que Teerã retirou um obstáculo majoritário para as negociações: sua demanda para remover a Guarda Revolucionária da lista de entidades terroristas promovida por Washington.

Em entrevista à Reuters, um oficial iraniano, contudo, pareceu esmorecer expectativas: “Temos nossas próprias sugestões a serem aventadas em Viena, como a suspensão gradual das sanções a nossas Forças Armadas”.

Após encontro entre Ulyanov e Bagheri Kani, a imprensa estatal iraniana mencionou alertas do diplomata russo, apesar de breve otimismo: “Passar da linha de chegada pode não ser tão fácil, tempo dirá se teremos êxito ou não … Porém, em geral, a atmosfera é de seriedade”.

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John Kirby – porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca – afirmou na quinta-feira que as negociações estavam “praticamente concluídas”.

Bagheri Kani pôs o ônus da concessão sobre a Casa Branca, ao demandar “maturidade e responsabilidade”.

Pouco resta do acordo firmado entre Teerã e potências globais – Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China –, cuja contenção do programa nuclear iraniano a níveis não militares estava condicionada à suspensão de sanções.

Em 2018, o então presidente Donald Trump abandonou o tratado e impôs uma política de “máxima pressão”. Em resposta, a república islâmica passou a ultrapassar gradativamente restrições sobre enriquecimento de urânio.

Dado que Teerã se recusa a conduzir negociações diretas com seu longevo arqui-inimigo – isto é, Washington – Mora foi encarregado de mediar termos e concessões entre Bagheri Khan e o representante americano, Rob Malley.

As conversas de Viena chegaram a um impasse neste ano, sobretudo pela demanda de Teerã para excluir a unidade de elite de suas tropas da lista de organizações terroristas promulgada pela Casa Branca. O governo de Joe Biden se negou a fazê-lo.

Uma fonte europeia comentou: “Foi acordado que a questão será debatida no futuro, uma vez que Estados Unidos e Irã possam se encontrar diretamente”.

Teerã pede ainda que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) revogue conclusões de um relatório de 2021, que reiterou falha do programa iraniano em explicar a presença de traços de urânio em locais não-declarados.

Josep Borrell – principal diplomata da União Europeia – submeteu uma proposta às partes em julho, como forma de evitar uma “perigosa crise nuclear”. Duas fontes iranianas alegaram que seu governo “não ficou satisfeito” com a redação.

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