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2022 será o ‘Ano dos Prisioneiros Palestinos’?

Pessoas participam de um protesto em solidariedade ao prisioneiro palestino Hisham Abu Hawash e outros palestinos detidos em Israel, no distrito de Dura, na cidade de Hebron, na Cisjordânia, em 04 de janeiro de 2022 [Mamoun Wazwaz/Agência Anadolu]

O prisioneiro palestino Hisham Abu Hawash aparentemente concordou em encerrar sua greve de fome de 141 dias em um acordo com Israel que o verá libertado no próximo mês. Abu Hawash entrou em greve de fome em protesto contra a decisão do estado de ocupação de prendê-lo desde 27 de outubro de 2020, sem acusação ou julgamento sob uma ordem de detenção administrativa renovável. Tal protesto é indicativo da determinação e do desafio dos prisioneiros palestinos mantidos por Israel, independentemente do preço a ser pago.

Após ser transferido para um hospital-prisão devido à deterioração de sua condição médica, Abu Hawash entrou em coma; sua vida foi ameaçada, confirmou sua família à Autoridade para Assuntos de Prisioneiros e Ex-Prisioneiros e a muitas instituições de direitos humanos e mídia. O sofrimento pelo qual ele passou foi um exemplo do que quase 4.600 prisioneiros palestinos mantidos por Israel passaram.

Dada a extensão do apoio público aos prisioneiros, a questão pode desencadear um confronto direto com as autoridades de ocupação a qualquer momento. As facções da resistência palestina em Gaza advertiram Israel que, se Abu Hawash morresse sob custódia, eles considerariam isso um assassinato político e reagiriam de acordo. Isso necessariamente abriria a porta para um confronto militar entre a resistência e o exército de ocupação. Até que Abu Hawash realmente saia da prisão conforme combinado, e com saúde razoável, tal confronto ainda pode explodir.

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De acordo com prisioneiros e instituições de direitos humanos, Israel prendeu cerca de 8.000 palestinos no ano passado, incluindo 1.300 crianças e 184 mulheres e meninas. Quase 1.600 estão sob prisão administrativa. Essas perseguições e detenções fazem parte da guerra de Israel contra o povo palestino, que luta por liberdade e independência.

Prisioneiros palestinos escapam da prisão de alta segurança [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

Israel continua a ignorar o sofrimento dos prisioneiros palestinos. De fato, desde que seis homens escaparam da Prisão de Alta Segurança de Gilboa em setembro, unidades militares especiais foram lançadas contra os palestinos detidos em prisões israelenses em vingança pela fuga humilhante. Entre os palestinos, porém, o incidente colocou a questão dos prisioneiros no topo de suas prioridades. A resistência popular em solidariedade aos presos deixa claro que as pessoas comuns nas ruas não os abandonarão.

Foi agora anunciado que o negociador sênior de Israel para a libertação dos israelenses detidos em Gaza, Moshe Tal, renunciou devido à “negligência” e falha do governo de ocupação em chegar a um acordo de troca de prisioneiros com os grupos de resistência no território sitiado. Sua decisão também foi influenciada, ao que parece, pelo que o ex-porta-voz do exército Ronen Manelis disse sobre a recusa do governo israelense de concluir um acordo de troca de prisioneiros em 2018. A implicação, claramente, era que o estado de ocupação não está pronto para pagar o preço exigido pela libertação de seus soldados capturados em Gaza.

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“As Brigadas Izz ad-Din Al-Qassam mantêm quatro prisioneiros dentro da Faixa de Gaza”, disse o chefe do Birô Político do Hamas, Ismail Haniyeh, à Al-Jazeera recentemente, “e se Israel não estiver convencido de chegar a um acordo, o Hamas e as brigadas vão forçá-los”. Esse foi um aviso claro de que mais soldados israelenses serão capturados, se necessário, para promover uma troca de prisioneiros.

Finalmente, parece que as condições no terreno estão maduras para que qualquer incidente desencadeie um confronto entre os grupos de resistência e o estado de ocupação. A estabilidade do governo israelense seria ameaçada por tal conflito, o que poderia forçá-lo a fazer um novo acordo de troca de prisioneiros com os palestinos nos termos estabelecidos pelos grupos de resistência. Se, como antecipado, isso levar à libertação de centenas de prisioneiros palestinos – alguns dos quais estão detidos há décadas – então 2022 poderia de fato ser o “Ano dos Prisioneiros Palestinos”.

Este artigo foi publicado pela primeira vez em árabe no Felesteen, em 4 de janeiro de 2021, e foi editado pelo MEMO para levar em consideração os últimos acontecimentos envolvendo prisioneiros.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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