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Escritores denunciam apartheid e apoiam boicote de Sally Rooney a Israel

Romancista irlandesa Sally Rooney participa de premiação literária em Londres, 29 de janeiro de 2019 [Tristan Fewings/Getty Images]

Setenta proeminentes romancistas, poetas e dramaturgos de diversos continentes assinaram uma carta de apoio à decisão da escritora irlandesa Sally Rooney de boicotar Israel, ao descrever sua iniciativa como “resposta exemplar às injustiças impostas ao povo palestino”.

Entre os signatários estão: os autores irlandeses Niamh Campbell e Kevin Barry; Rachel Kushner, Eileen Myles e Eliot Weinburger, dos Estados Unidos; Monica Ali, Caryl Churchill, Pankaj Mishra, China Miéville e Kamila Shamsie, do Reino Unido; entre outros.

“A recusa de Sally Rooney de assinar um contrato com uma grande editora israelense — que divulga o trabalho do Ministério da Defesa de Israel — é uma resposta exemplar às injustiças impostas ao povo palestino”, afirmou o documento em solidariedade.

A mensagem reiterou ainda o apelo de artistas palestinos a seus colegas internacionais “para encerrar toda cumplicidade com as violações israelenses de direitos humanos”.

Em outubro, a premiada romancista irlandesa recusou uma oferta de uma editora israelense para traduzir seus livros ao idioma hebraico. A decisão incitou um debate acalorado sobre medidas de boicote cultural à ocupação militar da Palestina histórica.

LEIA: Artistas pedem o fim imediato dos ataques israelenses a grupos palestinos de direitos humanos

Grupos sionistas difamaram Rooney como antissemita, ao insistir que seu boicote tem como alvo a própria linguagem. A autora de 30 anos, em contrapartida, conclamou editores não-israelenses a traduzir seu trabalho para o hebraico.

Ao recusar a proposta, Rooney declarou apoio ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), cujo objetivo é “pressionar Israel a respeitar a lei internacional”.

Rooney observou não se sentir confortável em colaborar com uma empresa israelense “que não se distancia publicamente do regime de apartheid, em detrimento dos direitos do povo palestino consagrados pela Organização das Nações Unidas”.

A carta de seus colegas mencionou também os 11 dias de massacre na Faixa de Gaza e um relatório histórico da ong internacional Human Rights Watch (HRW), divulgado em abril, que denunciou o estado sionista pela prática de apartheid.

“Não passou sequer um ano desde que o HRW concluiu que Israel ‘expropriou, enclausurou, separou à força e subjugou os palestinos’, o que equivale a crimes de lesa-humanidade, apartheid e perseguição”, enfatizou a mensagem dos autores estrangeiros.

“Tampouco passou mais do que alguns meses desde o último bombardeio a Gaza ou a mais recente invasão à Mesquita de Al-Aqsa ou a última rodada de ordens de expulsão promulgadas na cidade ocupada de Jerusalém Oriental”, acrescentou o documento.

“Este é o contexto da decisão de Sally Rooney; ao tomá-la, não está sozinha”.

Em maio, a escritora esteve ainda entre mais de 16 mil artistas que condenaram os crimes de apartheid israelense, conforme texto publicado na ocasião dos ataques a Gaza.

“É nossa responsabilidade coletiva abordar tais males”, destacou em suma a carta recente. “Agora, ao apoiar Sally Rooney, reafirmamos essa responsabilidade”.

“Como ela, continuaremos a responder ao apelo palestino por uma solidariedade efetiva, assim como milhões responderam à campanha contra o apartheid na África do Sul”, concluiu. “Continuaremos a apoiar a luta palestina não-violenta por liberdade, justiça e igualdade”.

Romancista irlandesa recusa oferta de editora israelense [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

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