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Moradores de Sheikh Jarrah se recusam a pagar aluguel para grupos de colonos

O tribunal deu aos dois lados até hoje (02/11) para apresentarem suas próprias emendas à proposta, mas avisou que emitirá uma regra vinculativa caso a proposta seja rejeitada

As famílias palestinas que enfrentam despejo de suas casas no bairro Sheikh Jarrah de Jerusalém recusaram hoje a oferta de um tribunal israelense de lhes conceder o status de “residência protegida”, dizendo que se pagarem aluguel à organização colonizadora que reivindica o terreno em que suas casas estão construídas, suas propriedades não serão demolidas, disse um membro de uma das famílias.

“O povo de Sheikh Jarrah rejeitou a proposta da colonização”, tuitou o membro da família e ativista da rede social, Mohammed El-Kurd.

O Alto Tribunal de Justiça de Israel (HCJ, sigla em inglês) fez a oferta no mês passado, com a mídia israelense chamando-a de “concessão”, os palestinos, no entanto, recusaram-se a concordar com uma decisão que tomaria suas terras e casas e as entregaria a grupos de colonos.

A decisão listaria a empresa judaica Nahalat Shimon como proprietária da propriedade e as três famílias palestinas seriam forçadas a pagar aluguel bienalmente na soma de 2.400 shekels (US$ 743). As famílias palestinas também concordariam em pagar custos legais e judiciais na soma de 30.000 shekels ($9.282) à empresa Nahalat Shimon. O tribunal acrescentou que durante os 15 anos, a questão da propriedade da terra pode ser julgada.

Bairro Sheikh Jarrah, onde Israel decidiu despejar as famílias palestinas, em Jerusalém, em 23 de junho de 2021. [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu].

Bairro Sheikh Jarrah, onde Israel decidiu despejar as famílias palestinas, em Jerusalém, em 23 de junho de 2021. [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu].

O tribunal deu aos dois lados até hoje para apresentar suas próprias emendas à proposta, mas advertiu que emitirá uma regra vinculativa se a proposta for rejeitada.

A decisão terá sérias repercussões para outras famílias palestinas que enfrentam despejo de suas casas por parte de colonos israelenses. Seu caso legal se baseia na alegação de que os judeus eram donos da terra antes de seu despejo em 1948.

Atualmente, há processos de despejo abertos contra um total de aproximadamente 50-60 famílias de Sheikh Jarrah (30 famílias – seção Kerem Al-Jaouni e 20-30 famílias – seção Um Haroun), que se encontram em várias etapas do processo judicial.

“Sem o conhecimento do público, as autoridades têm registrado discretamente os direitos de terra de propriedades em Um Haroun a supostos proprietários judeus. Tal ação é sem precedentes e tem ramificações potencialmente agudas nas propriedades palestinas não apenas no Sheikh Jarrah, mas em toda Jerusalém Oriental”, disse o grupo de direitos israelenses Ir Amim em seu website, “o que poderia, em última instância, levar a uma ampla desapropriação palestina na cidade e à expansão do assentamento judaico”.

De acordo com a lei israelense, os judeus são elegíveis para buscar indenização e recuperar as terras que consideram suas. No entanto, esse direito não é concedido aos 750.000 palestinos que sofreram limpeza étnica durante 1947/48, incluindo centenas de milhares que permaneceram dentro do Estado de Israel.

LEIA: Israel ordena expropriação em Sheikh Jarrah para construir um parque

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