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Pacientes com câncer sofrem com a falta de remédios no Líbano

Engenheira Bahaa Costantine, na manifestação de pacientes com câncer exigindo remédios, em Beirute, em 26 de agosto de 2021 [Houssam Shbaro/Agência Anadolu]

No Líbano, nesta quinta-feira (26), pacientes com câncer, familiares, médicos e organizações não governamentais fizeram uma manifestação exigindo suprimentos farmacêuticos, em frente ao prédio da Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental (ESCWA), em Beirute. A grave crise econômica afetou a saúde e a indústria farmacêutica no país, e os pacientes não conseguem mais encontrar remédios essenciais.

A vice-coordenadora especial da ONU para o Líbano, Najat Rochdi, esteve no evento e discursou, demonstrando solidariedade.  “Sua dor é minha dor. Suas preocupações são minhas preocupações. Seus problemas são meus problemas… Não ficamos quietos antes, e não ficaremos quietos agora. Receber seus remédios é um direito humano fundamental”, disse Rochdi.

“Existem tipos de morte: a primeira é diretamente através de armas, a segunda é privando-nos de nossos medicamentos essenciais… Não devemos morrer porque não podemos ter acesso a medicamentos! Estamos morrendo… Faça as coisas acontecerem rapidamente”.

Com a escassez de produtos básicos que assola o Líbano, os hospitais precisaram avisar muitos pacientes que talvez eles não conseguiriam completar o tratamento, pela falta de remédios. Segundo a Reuters, o Líbano está profundamente endividado e tenta levantar fundos no exterior, em meio a crise política. Entretanto, os medicamentos para câncer ainda são subsidiados, e para que possam importá-los, é preciso esperar pelo financiamento do Banco Central, que quase esgotou suas reservas.

O protesto foi organizado pela Associação Barbara Nassar de Apoio ao Paciente com Câncer, grupo libanês que forneceu medicamentos no valor de mais de 1,5 milhão de dólares em 2020, através de doações em espécie de antigos pacientes, relatou a Reuters.

“O banco central quer remover o subsídio e o Ministério da Saúde não o faz e, enquanto isso, o paciente está ali sentado sem tratamento”, disse Hani Nassar, marido de Bárbara Nassar, que fundou a associação e faleceu da doença anos atrás.

A engenheira Bahaa Costantine chora afirmando que pagaria pelo remédio, mas ninguém o encontra para vender.  “Alcancei o ciclo completo, cada ciclo deste tratamento é de quatro sessões. Depois de tudo o que suportei, perdi minhas unhas e cabelos e meu corpo mudou, cheguei a esse ponto e agora não há mais remédios. Isso realmente me fez regredir e não há nada que possamos fazer”.

António Guterres, Secretário-geral das Nações Unidas, escreveu um apelo no Twitter, nesta sexta-feira. “O povo do Líbano está lutando todos os dias com hiperinflação, escassez aguda de combustível, eletricidade, medicamentos e até mesmo acesso a água limpa. Exorto os líderes políticos libaneses a formar urgentemente um governo eficaz que possa trazer alívio, justiça e responsabilidade”.

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