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Multidão lincha e queima homem falsamente acusado de iniciar os incêndios na Argélia

Incêndio florestal na cidade de Beni Douala na província de Tizi Ouzou no norte da Argélia, em 11 de agosto de 2021. [Mousaab Rouibi/Agência Anadolu]

No distrito de Tizi Ouzou, uma das regiões mais afetadas pelos incêndios florestais que assolam a Argélia, um homem foi espancado até a morte e queimado por uma multidão, após ter sido falsamente acusado de ter iniciado os incêndios.  O caso compartilhado nas redes sociais, causou indignação generalizada.

Segundo o Middle East Eye, Jamal Ben Ismail, de 35 anos, havia reunido doações e viajado de Milana para a cidade de Arbaa Nath Irathne, para ajudar a combater os incêndios e a evacuar as áreas em risco. Logo após chegar à cidade, um grupo de pessoas acusou Ismail de ter causado os incêndios e ele supostamente foi detido pela polícia para garantir a sua própria segurança.

Imagem da multidão retirando Ismail do carro da polícia [Reprodução]

O grupo então, puxou o homem de dentro do carro da polícia e começou a espancá-lo, enquanto filmavam. O vídeo foi compartilhado nas redes sociais e mostra dezenas de pessoas em fúria o espancando até a sua morte. Momentos depois, as pessoas atearam fogo no corpo e as imagens chocantes foram amplamente compartilhadas online.

Sua identidade foi divulgada posteriormente por amigos e familiares, que refutaram as acusações. “Meu filho é um herói e um mártir, e Miliana ganhou outro herói”, disse o pai de Ismail para o canal argelino El Bilad, pedindo que as autoridades devolvessem o corpo de seu filho, porque ele mesmo estava com medo de ir até Tizi Ouzou.

Jamal Ben Ismail, conhecido pelos amigos como Jimmy, era um pintor, cantor e amante da natureza, segundo seus amigos, ele viajou para ajudar as pessoas, inclusive reuniu doações para ajudar as famílias das vítimas.

“Eu vim ontem à noite em solidariedade com nosso povo, e esperamos que todo argelino livre também desempenhe esse papel”, disse Ismail em uma entrevista na TV, para o canal Awraas horas antes de sua morte.

Ativistas do mundo inteiro se indignaram com o crime brutal e exigem que todos os envolvidos, que aparecem claramente nas filmagens, sejam responsabilizados.

A Anistia Internacional pediu às autoridades que investigassem a morte de Ben Ismail, e a Liga Argelina de Defesa dos Direitos Humanos classificou o caso como “bárbaro e atroz”. “As cenas do linchamento do suposto incendiário – um jovem artista que tinha vindo para ajudar a apagar os incêndios – são chocantes”, disse o grupo argelino.

“Os rostos dos assassinos estão claramente expostos. Nós pedimos, Sr. Presidente Abdelmadjid Tebboune, que implemente a lei, que está acima de todos nós. Não esqueçamos dos policiais que abandonaram a vítima e não o protegeram”, escreveu uma argelina no Twitter.

O Ministério da Justiça da Argélia anunciou na quinta-feira que ordenou uma investigação sobre o caso.

Os incêndios do norte da Argélia já causaram a morte de 65 pessoas, incluindo 28 soldados.

LEIA: Argélia prende 22 suspeitos de causar incêndios florestais

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