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Israel nega pedido do Egito para mediar barragem etíope, segundo relato

Grande Represa do Renascimento, projeto construído sobre o rio Nilo Azul, perto de Guba, Etiópia, 26 de dezembro de 2019 [Eduardo Soteras/AFP via Getty Images]

Israel rejeitou um pedido do presidente e general egípcio Abdel Fattah el-Sisi para mediar negociações com a Etiópia sobre a Represa do Renascimento, projeto bilionário etíope na bacia hidrográfica do Nilo, segundo um artigo do jornal Maariv.

O colunista Jacky Hugi alegou que, embora sejam frequentes rumores de que Israel dialoga em segredo com as partes, trata-se de uma tática utilizada por opositores do regime para demonstrar que Sisi colabora com Israel.

De acordo com o texto, o Cairo solicitou mediação de Tel Aviv há dois anos, mas o governo israelense negou a ideia pela baixa possibilidade de sucesso, de modo que as partes poderiam culpar o mediador pelo impasse.

“Desde suas origens, a diplomacia israelense jamais ambicionou solucionar o problema de terceiros”, escreveu Hugi. “Não é questão de capacidade, mas sim cultura política, pois Israel não vê a si mesmo como potência regional, somente militar e não diplomaticamente”.

LEIA: Sisi deveria renunciar por causa da crise da barragem etíope, diz o ex-editor do Al-Ahram

A Etiópia avança com a construção de sua barragem de US$5 bilhões, perto da fronteira com o Sudão, ao argumentar ser fundamental para sua geração de energia e recuperação econômica. O Egito teme que a obra restrinja seu acesso ao Nilo.

O Egito depende quase absolutamente das águas do Nilo, ao receber cerca de 55.5 milhões de metros cúbicos por ano, e crê que a represa afetará seus recursos destinados ao consumo, agricultura e geração de eletricidade.

O Cairo quer salvaguardas de que receberá ao menos 40 bilhões de metros cúbicos do Nilo. O Ministro da Irrigação da Etiópia afirmou que o regime de Sisi abandonou a demanda, mas foi desmentido enfaticamente por nota oficial.

Há também a questão em aberto sobre quão rapidamente serão preenchidos os reservatórios, sob receios egípcios de que poderá afetar sua Represa Alta de Assuã.

Neste mês de julho, a Etiópia informou os países a jusante — Egito e Sudão — sobre o início da segunda fase de preenchimento da barragem, em virtude da temporada de chuvas.

O Cairo respondeu: “Addis Ababa viola a lei internacional e trata o Nilo como sua propriedade”.

Etiópia renova compromisso com mediação da União Africana sobre a Represa do Renascimento [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

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