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Senador dos EUA obstrui ajuda de US$50 mi à reconstrução palestina

Senador dos Estados Unidos James Risch na capital Washington DC, 18 de maio de 2021 [Kevin Dietsch/Getty Images]

James Risch, senador republicano dos Estados Unidos por Idaho, manteve sua obstrução a um pacote assistencial de US$50 milhões ao povo palestino, apesar das promessas de ajudar o Secretário de Estado Antony Blinken no processo de aprovação.

A postura de Risch tem impacto direto em postergar a urgente reconstrução da infraestrutura de água e transportes da Faixa de Gaza, após onze dias de bombardeios israelenses contra o território palestino sitiado, em meados de maio.

A ofensiva de Israel destruiu centenas de edifícios e deslocou cerca de cem mil civis. Segundo autoridades de saúde locais, 254 palestinos morreram, incluindo 66 crianças.

Após os ataques, Blinken reuniu-se com o Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas e prometeu conceder US$75 milhões para o desenvolvimento regional a longo prazo.

Israel matou ao menos 254 palestinos, incluindo 66 crianças, 39 mulheres e dezessete idosos durante os bombardeios; mais de 1.900 foram feridas, incluindo 380 crianças, 540 mulheres e 91 idosos

Embora aprovado no congresso, Risch impôs obstruções aos recursos ainda no último mês, sob pretexto de evitar que sejam destinados à Autoridade Palestino ou Hamas. Segundo ativistas, no entanto, a obstrução tem motivação política.

Uma coalizão de 145 parlamentares democratas — liderada por Jamie Raskin, representante do estado de Maryland— exortou o senador a liberar a ajuda.

Os legisladores escreveram a Risch para “respeitosamente solicitar a desobstrução de dezenas de milhões de dólares em ajuda humanitária adequada, tão urgente para cumprir as demandas de centenas de milhares de civis palestinos para que reconstruam suas vidas”.

Parlamentares dos EUA exortam senador a liberar ajuda ao povo palestino

Risch mobilizou a obstrução junto de outros políticos republicanos, ao acusar a Autoridade Palestina de utilizar US$150 milhões para indenizar famílias de palestinos supostamente responsáveis por matar israelenses, nos últimos anos.

Para tanto, o senador utilizou uma lei de 2018 — conhecida como “Ato de Taylor Force”, em homenagem a um soldado esfaqueado em Tel Aviv — que permite obstruir qualquer assistência aos palestinos que possam incorrer em pagamentos aos “mártires”.

Ativistas reiteram, no entanto, que a legislação não cabe ao caso, dado que o valor de US$50 milhões é destinado a projetos administrados por ongs para reconstrução de Gaza.

“Fora os problemas com a legislatura, a ajuda humanitária obstruída pelo senador Risch não aciona tampouco é impactada pelo Ato de Taylor Force”, declarou Huwaidi Arraf, advogado americano de direitos humanos, segundo a Al Jazeera.

Em 2018, o então presidente Donald Trump bloqueou US$200 milhões em ajuda reservada à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). O governo de Joe Biden, contudo, anunciou em abril restaurar o envio de US$150 milhões.

Mesmo com a assistência americana, Raskin observou em carta endereçada a Risch que a extensão das demandas do povo palestino ainda é colossal.

“Gaza vivencia uma catástrofe humanitária … a magnitude da crise é aterradora”, enfatizou.

“Edifícios foram deixados em ruínas. O acesso à água potável e eletricidade é esporádico ou inexistente. A insegurança alimentar se espalha rapidamente. O covid-19 corre sem freios e milhares foram deslocados ou desabrigados”, prosseguiu o parlamentar.

Elizabeth Campbell, diretora da UNRWA em Washington, emitiu um chamado emergencial por doações, após os bombardeios israelenses em maio. “Temos de reconstruir residências civis danificadas pois pessoas estão desabrigadas”, reiterou.

Uma porta-voz de Risch confirmou na segunda-feira (21) que a obstrução prevalece apesar dos diversos apelos para removê-la.

LEIA: Balanço de onze dias de bombardeio à Gaza

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