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Sudão dispõe-se a aceitar acordo interino sobre a Represa do Renascimento

Rio Nilo Azul passa pelas obras da Grande Represa do Renascimento, na região de Guba, Etiópia, 26 de dezembro de 2019 [Eduardo Soteras/AFP via Getty Images]

Nesta segunda-feira (14), o Sudão expressou disposição em aceitar um acordo interino para o preenchimento parcial da Grande Represa do Renascimento, desde que as negociações continuem conforme um prazo e que sejam mantidos os consensos estabelecidos até então.

Em coletiva de imprensa, o Ministro de Irrigação e Recursos Hídricos Yasser Abbas afirmou: “O Sudão aceita um acordo interino … sob três condições: incluir todos os aspectos acordados previamente; garantir a continuidade das negociações; e conduzí-las dentro de um prazo”.

Porém, reiterou: “Preparamos nossos procedimentos legais sobre a Represa do Renascimento e aguardamos agora o momento certo para agir judicialmente contra a Etiópia”,

Pouco antes da coletiva, o Ministro de Irrigação e Recursos Hídricos do Egito Mohamed Abdel-Aty acusou autoridades etíopes de contaminar estações de tratamento de água para consumo no território sudanês, ao liberar grandes quantidades de lodo.

Relatou Abdel-Aty: “O lado etíope liberou grandes quantidades de água lamacenta em novembro último, sem informar os países a jusante, o que causou um aumento na turbidez da água destinada ao consumo em estações de tratamento no Sudão”.

LEIA: Ministro da Irrigação do Egito acusa a Etiópia de estragar os postos de bebida do Sudão

“A implementação do primeiro preenchimento da Represa do Renascimento pela Etiópia, sem coordenação com os dois países a jusante, causou ao Sudão um severo estado de seca, seguido por enormes inundações”, prosseguiu o ministro egípcio.

Abdel-Aty insistiu que seu país e o Sudão “não aceitarão qualquer medida unilateral para preencher e iniciar as atividades da barragem etíope”.

Egito e Sudão decidem agir

Nesta quarta-feira (16), o Conselho da Liga dos Estados Árabes deu início a uma reunião extraordinária no Catar, para debater a crise sobre a Grande Represa do Renascimento, a pedido de Egito e Sudão.

A Etiópia investiu US$5 bilhões na enorme represa construída perto da fronteira com o Sudão, na bacia hidrográfica do Nilo, sob a justificativa de obter eletricidade necessária para o consumo e a regeneração econômica do país.

O Egito é quase inteiramente dependente do Nilo, ao receber em torno de 55.5 milhões de metros cúbicos de água por ano, e acredita que a barragem terá impacto severo em seus recursos para consumo, agricultura e geração de energia elétrica.

O Cairo quer garantias de que receberá ao menos 40 bilhões de metros cúbicos de águas do Nilo. O Ministro de Irrigação da Etiópia Seleshi Bekele alegou que o regime egípcio de Abdel Fattah el-Sisi abandonou a demanda, mas foi desmentido reiteradamente.

Rio Nilo Azul passa pelas obras da Grande Represa do Renascimento, na região de Guba, Etiópia, 26 de dezembro de 2019 [Eduardo Soteras/AFP via Getty Images]

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