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Parlamentar britânico demanda ação contra Israel; baixas civis aumentam em Gaza

Parlamentar britânico Richard Burgon, membro do Partido Trabalhista, em Glasgow, Escócia, 15 de fevereiro de 2020 [Robert Perry/Getty Images]
Parlamentar britânico Richard Burgon, membro do Partido Trabalhista, em Glasgow, Escócia, 15 de fevereiro de 2020 [Robert Perry/Getty Images]

O parlamentar britânico Richard Burgon, membro do Partido Trabalhista, questionou ontem (19) à Câmara dos Comuns quantos mortos civis palestinos serão necessários antes que o governo assuma qualquer ação para interromper os crimes de guerra israelenses.

“Quantas crianças palestinas serão mortas, quantos lares palestinos serão reduzidos a escombros, quantas escolas e hospitais palestinos serão bombardeados antes do Reino Unido agir adequadamente para enfim convencer o governo israelense a interromper sua guerra contra o povo palestino”, questionou o legislador trabalhista.

Prosseguiu: “Certamente agora é hora de encerrar todas as vendas de armas britânicas a Israel. Certamente agora é hora de sancionar o governo israelense por suas reiteradas violações da lei internacional. Certamente agora é hora — conforme voto desta Câmara em 2014 — de reconhecer o Estado da Palestina, pois a Palestina tem o direito de existir!”

Desde o início da ofensiva militar israelense, em 10 de maio, ao menos 230 palestinos foram mortos em Gaza, incluindo 65 crianças. Outros 1.700 ficaram feridos — incluindo 55 em estado grave. Na Cisjordânia ocupada, forças israelenses mataram treze palestinos.

Também na Câmara dos Comuns, nesta quarta-feira, o ex-líder trabalhista Jeremy Corbyn demandou esclarecimentos sobre a natureza da relação militar entre Londres e Tel Aviv, além de detalhes de eventuais armas britânicas utilizadas para atacar Gaza.

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Ao referir-se ao Ministro de Estado para Oriente Médio James Cleverly, indagou Corbyn: “Pode ele dizer se alguma arma ou munição vendida pelo Reino Unido a Israel foi utilizada para bombardear Gaza ou se algum drone fornecido foi utilizado como aparato de vigilância seja na Cisjordânia ou Gaza, seguido pela devastação da vida civil e morte de pessoas?”

Em resposta, Cleverly alegou que o Reino Unido possui um “regime robusto de licenciamento de venda de armas e todos os alvarás de exportação são analisados de acordo”.

Porém, segundo a Campanha Contra o Comércio de Armas (CAAT), o Reino Unido autorizou exportações de armas a Israel estimadas em £400 milhões (US$567 milhões), desde 2015.

Durante a brutal ofensiva contra Gaza em 2014, o então governo britânico de David Cameron ameaçou suspender parte das vendas a Israel, sob receio de que equipamentos britânicos fossem utilizados em violação ao acordo de cessar-fogo.

Cleverly fez apenas uma breve menção sobre garantir que “todas as ações [israelenses] sejam proporcionais”, de modo a evitar baixas civis. O ministro conservador condenou apenas “atos terroristas do Hamas” e repetiu a retórica israelense de autodefesa.

A parlamentar palestino-britânica Layla Moran relatou a morte de crianças: “Meu coração está em pedaços … Precisamos de um cessar-fogo e o Reino Unido não deve deixar à França o papel de elaborar uma resolução das Nações Unidas para tanto”.

“O governo foge de suas responsabilidades históricas”, prosseguiu.

Não obstante, Moran também condenou “atos de terrorismo” do Hamas e outros grupos na Faixa de Gaza. “É preciso um fim permanente à sua incitação e lançamento de foguetes contra Israel. Não há qualquer justificativa para atacar alvos civis”.

Especialistas reiteram, porém, que a tentativa de pôr-se a par do lobby sionista por parte de legisladores como Moran ignora o fato de que “incitação” é política de décadas da ocupação militar israelense, de modo que a resistência é consagrada pela lei internacional.

“Como descendente de palestinos, poderíamos supor que [Moran] sabe disso, ao invés de rotular a resistência legítima como terrorista”, argumentou um analista sobre a questão.

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