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Permanência de Ernesto Araújo no Itamaraty se torna insustentável

Ernesto Araújo cada vez mais isolado [
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araujo, durante encontro com o Xeique Abdullah bin Zayed Al Nahayan [ foto José Cruz/Agência Brasil]

O Presidente Jair Bolsonaro tem sido pressionado pelo Congresso a substituir o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Os presidentes do Senado e da Câmara criticaram publicamente o ministro.

Um interlocutor de confiança de Bolsonaro falou ao blog do Gerson Camarotti que Bolsonaro só estaria esperando uma melhor oportunidade para substituir Araújo: “O presidente Bolsonaro já entendeu que a situação ficou insustentável. Só não dá para tirar imediatamente porque vai ficar parecendo que quem tirou o Ernesto Araújo foi o Arthur Lira”. Segundo reportagem do UOL, Bolsonaro busca um novo cargo para agradar Araújo.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, cobrou de Ernesto Araújo o aumento do diálogo com outros países para maior fornecimento de vacinas e medicamentos para o coronavírus. Em encontro dos chefes de poderes no Palácio da Alvorada, no dia 24,  Lira afirmou que o Itamaraty  “precisa funcionar, deixar a ideologia de lado e negociar com todos os países”. Horas depois, o deputado afirmou em discurso no plenário:

“Pandemia é vacinar, sim, acima de tudo. Mas para vacinar temos de ter boas relações diplomáticas, sobretudo com a China, nosso maior parceiro comercial e um dos maiores fabricantes de insumos e imunizantes do planeta.”

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Em coletiva de imprensa desta quinta-feira (25), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também defendeu mudanças no Ministério das Relações Exteriores, afirmando que a ideologia de um ministro não pode prejudicar o país e que a falta de vacinas hoje se deve à inércia do Itamaraty.

“Nós tivemos muitos erros no enfrentamento a essa pandemia. Um deles foi o não estabelecimento de uma relação diplomática de produtividade com diversos países que poderiam ser colaboradores nesse momento agudo de crise que temos no Brasil. Então, ainda está em tempo de mudar para salvar vidas. E o que precisamos agora é mudar dessa política externa para termos parcerias internacionais.”, disse.

No senado, vários congressistas pediram que Ernesto deixasse o cargo durante a sessão de quarta-feira, em que o ministro era questionado sobre os esforços para a aquisição de vacinas e itens essenciais para o enfrentamento da pandemia de covid-19. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apelou para que o ministro renuncie. “Esse momento seu é ruim para o país. Em nome do país e desses que podem morrer daqui pra lá, renuncie e bote um diplomata”, disse Tasso. Mara Gabrilli (PSDB-SP)  também pediu que ele renunciasse: “Pede pra sair e durma com a consciência tranquila, o senhor vai ajudar a salvar vidas”.

O ex-presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, o deputado Fausto Pinato (PP-SP) disse em entrevista à rádio Jovem Pan que a ala ideológica, representada por Araújo, interfere na política externa do país. “O Supremo Tribunal Federal, o Senado e a Câmara declararam guerra à ala ideológica. Bolsonaro vai ter pela frente uma escolha difícil: ou a ala ideológica ou quem dá sustentação ao seu governo”, disse.

Segundo informações da revista Época, Ernesto Araújo não queria que o Brasil integrasse o consórcio Covax Facility, programa da Organização Mundial da Saúde, por acreditar que isso fortaleceria a OMS e favoreceria o “globalismo”. A embaixadora representante do Brasil na ONU, Nazareth Azevêdo, colocou o Brasil no programa que já entregou um milhão de doses da vacina AstraZeneca/Oxford neste mês.

Ernesto Araújo está isolado no governo, tendo apenas o apoio do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e do assessor Filipe Martins, que deve ser afastado após repercussão negativa de seu gesto ligado a supremacia branca. De acordo com Camarotti, Bolsonaro disse que vai tirá-lo do cargo para se desvincular dessa crise.

A esposa de Ernesto Araújo, Maria Eduarda de Seixas Corrêa, publicou no Twitter que os últimos acontecimentos são uma tentativa de “transformar” o seu marido em “bode expiatório da república”.

 

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