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Biden pretende tornar público relatório sobre assassinato de Khashoggi

Manifestante exibe cartaz com fotografia do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em 25 de outubro de 2018 [Yasin Akgul/AFP/Getty Images]
Manifestante exibe cartaz com fotografia do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em 25 de outubro de 2018 [Yasin Akgul/AFP/Getty Images]

O governo dos Estados Unidos do presidente eleito Joe Biden, que toma posse nesta quarta-feira (20), prometeu tornar público o relatório de inteligência sobre o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, radicado em Washington.

A decisão foi anunciada por Avril Haines, que servirá como Diretora de Inteligência Nacional na equipe do governo democrata.

Khashoggi vivia em auto-exílio e trabalhava como colunista do jornal The Washington Post, quando foi brutalmente assassinado dentro do Consulado da Arábia Saudita em Istambul, Turquia, em 2 de outubro de 2018. Seu corpo jamais foi recuperado.

Após meses de investigação, evidências em áudio obtidas pela inteligência turca indicaram ordens de Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, para executar a operação.

LEIA: Trump considera anistia ao príncipe saudita, acusado de tentar matar seu ex-chefe de espionagem

Riad, contudo, continua a negar os indícios de envolvimento direto no crime e alega que o esquadrão da morte agiu independente e clandestinamente.

Oito dos agentes envolvidos no assassinato foram presos em território saudita, no último ano, mas a ONU e organizações de direitos humanos denunciam que o julgamento foi uma fraude, a fim de absolver oficiais de alto escalão pela morte de Khashoggi.

Donald Trump, então presidente americano, gabou-se publicamente por “salvar” Bin Salman de ser responsabilizado pelo crime.

Desde então, organizações e ativistas reivindicam do governo dos Estados Unidos que divulgue as descobertas de inteligência, sobretudo após a vitória eleitoral de Biden. Trump obstruiu a divulgação, apesar de ordens legais para fazê-lo.

Questionada pelo o senador democrata Ron Wyden durante sua audiência de confirmação ontem (19), Haines reiterou: “Sim, absolutamente. Seguiremos a lei”. Wyden descreveu como “alívio” o compromisso aberto do futuro governo para cumprir a lei.

Segundo o jornal The Guardian, o ex-analista da CIA Bruce Riedel declarou que a resposta favorável de Haines representa “uma maneira útil de trazer a questão da responsabilidade pelo assassinato de Khashoggi ao domínio público, logo no início do novo governo”.

Riedel previu, no entanto, que a divulgação dos arquivos pode causar problemas ao relacionamento entre Estados Unidos e Arábia Saudita. “Caso o documento aponte Bin Salman como mandante do crime, fica a pergunta: o que Biden fará para responsabilizá-lo?”

Muitos observadores especulam que Joe Biden e sua vice-presidente Kamala Harris serão muito menos solícitos às violações de direitos humanos da Arábia Saudita e às ações do príncipe herdeiro, quando comparados com os quatro anos de Trump.

O novo presidente deverá reter a venda de armas dos Estados Unidos a Riad, após comentar em sua campanha eleitoral do último ano que a comunidade internacional tem a obrigação de tratar a monarquia saudita como estado pária.

LEIA: HRW pede que Biden encerre a venda de armas à Arábia Saudita e EAU

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