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Líbia começa a utilizar uma nova taxa de câmbio

Funcionário de uma casa de câmbio contra dólares, em Trípoli, capital da Líbia, 4 de abril de 2016 [Mahmud Turkia/AFP/Getty Images]
Funcionário de uma casa de câmbio contra dólares, em Trípoli, capital da Líbia, 4 de abril de 2016 [Mahmud Turkia/AFP/Getty Images]

Neste domingo (3), o Banco Central da Líbia introduziu uma nova taxa de câmbio unificada, conforme acordo assinado em dezembro, após anos de divisão entre índices rivais referentes aos lados opostos nos confrontos no país.

As informações são da agência Reuters.

Como parte da mudança, o Governo de União Nacional, reconhecido internacionalmente, suspendeu uma taxa sobre transações em moedas estrangeiras, introduzida há dois anos para aproximar as tarifas oficiais dos índices aplicados no mercado clandestino.

O conselho executivo do Banco Central da Líbia consentiu com um novo valor de 4.8 dinares para cada dólar americano, em sua primeira reunião completa em cinco anos, após o país dividir-se entre facções ocidentais e orientais.

Na capital Trípoli, as taxas do mercado clandestino bateram 5 dinares para cada dólar, após queda na última semana. “Teremos de ver como vão as coisas, daqui três ou quatro meses, nos bancos comerciais”, declarou Amer, negociante de moedas estrangeiras.

Lojas de câmbio pertencentes ao mercado clandestino no leste da Líbia permaneceram fechadas neste domingo, à espera da estabilidade do mercado oficial.

Malik al-Fakhri, comerciante de artigos eletrônicos na cidade de Benghazi, relatou ter deixado de usar bancos em 2013, pois perdia dinheiro ao importar produtos sob os índices oficiais, recorrendo então ao mercado clandestino.

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“A coisa mais importante para o comerciante é a estabilidade”, destacou al-Fakhri.

Entretanto, a nova taxa cambial representa uma desvalorização efetiva, o que deve implicar no aumento dos custos de produtos importados.

“Esta decisão é um erro que fará mais mal do que bem aos cidadãos líbios, a fim de agradar apenas quem nos vende”, alegou Hathem al-Barghathi, também em Benghazi.

A medida é parte de esforços abrangentes para solucionar os problemas econômicos e políticos, conforme o processo de paz, além de encorajar a implementação de reformas consentidas previamente e obstruir meios de corrupção.

Em junho, o Governo de União Nacional, com apoio da Turquia, conseguiu enfim frustrar os ataques do chamado Exército Nacional Líbio, comandado por Khalifa Haftar, com sede no leste do país, contra a capital Trípoli.

Contudo, apesar da desescalada no conflito, o progresso diplomático em direção a uma solução política desacelerou.

O cessar-fogo assinado em outubro, em Genebra, Suíça, foi apenas parcialmente implementado. Após meses do acordo, tropas ainda ocupam posições de vanguarda, incluindo combatentes mercenários e uma rodovia costeira ainda obstruída.

Recentemente, a delegação de líbios escolhida pela ONU para esquematizar o caminho à democracia anunciou eleições para o fim de 2021, mas não conseguiu chegar a um consenso sobre um novo governo unificado para supervisionar o período de transição.

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