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Egito recusa-se a entregar corpo de órfão executado

Forças de segurança do Egito, 13 de outubro de 2017 [Amr Sayed/Apaimages]
Forças de segurança do Egito, 13 de outubro de 2017 [Amr Sayed/Apaimages]

O Ministério do Interior do Egito recusou-se a entregar o corpo de um dos prisioneiros políticos executado no fim de semana, supostamente por ascendência desconhecida.

O Egito executou quinze presos políticos em ação descrita por grupos de direitos humanos como tentativa de aterrorizar a população, ao enviar uma ameaça para dissuadí-la dos protestos pela deposição do regime de Abdel Fattah el-Sisi.

Desde 20 de setembro, manifestações reivindicam a renúncia do presidente devido ao aumento no custo de vida, brutalidade policial e política de demolição de casas, que deixou centenas de milhares desabrigados.

Até então, os corpos de nove homens foram liberados. Os amigos de Gamal Zaki, no orfanato onde cresceu, querem receber seu corpo do mortuário de Zainhom, mas este se recusou.

Segundo a organização de direitos humanos We Record, na terça-feira (6), o Orfanato Arowad também recusou-se a autorizar que coletassem o corpo, ao alegar que o caso mancharia a reputação da instituição.

Seus amigos foram à Diretoria de Solidariedade, responsável por monitorar associações de assistência aos órfãos, mas guardas de segurança não os deixaram entrar.

Desde as execuções, as autoridades de segurança nacional do Egito passaram a liberar apenas um a três corpos por dia, dentre os quinze mortos, o que resultou em grande aflição às suas famílias.

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Os corpos dos irmãos Muhammad e Mahmoud Saber foram liberados em dias distintos, o que decorreu em enterros separados.

A soltura lenta dos corpos deve-se a um esforço para evitar incitação maior às manifestações, além de medida punitiva contra as famílias de prisioneiros políticos.

O momento das execuções é associado a uma suposta tentativa de fuga no final de setembro, quando o Ministério do Interior afirmou que quatro prisioneiros tentaram rebelar-se contra três policiais, resultando na morte dos sete detentos.

Ativistas questionam a verossimilhança da história, dado que a Prisão de Tora, local do incidente, é uma das instituições carcerárias mais fortificadas do país.

Treze dos presos executados no fim de semana estavam no mesmo bloco da suposta tentativa de fuga; portanto, testemunhas em potencial.

Egito continua a executar rapazes apesar da condenação internacional de grupos de direitos humanos contra sentenças de morte [Mohammad Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

Egito continua a executar rapazes apesar da condenação internacional de grupos de direitos humanos contra sentenças de morte [Mohammad Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

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