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Família egípcia sofre por não receber em um só dia os corpos de dois irmãos executados

Vista parcial da Prisão de Tora, no Cairo, capital do Egito [Khaled Desouki/AFP/Getty Images]
Vista parcial da Prisão de Tora, no Cairo, capital do Egito [Khaled Desouki/AFP/Getty Images]

Autoridades carcerárias do Egito estão liberando, a cada dia, apenas um a três corpos dos quinze presos políticos executados no último fim de semana.

A decisão causou angústia especial para a família de dois irmãos, Muhammad e Mahmoud Saber, pois os oficiais de segurança nacional se recusaram a entregá-los no mesmo dia, o que significava que não poderiam ser enterrados ao mesmo tempo.

De acordo com a organização de direitos humanos We Record, ontem o Ministério do Interior entregou o corpo de Mohamed Ahmed Tawfiq à sua família, elevando o número total de corpos entregues até agora para sete.

O We Record relatou ao MEMO que as autoridades temem manifestações indignadas de familiares e amigos dos mortos, o que refletiria o quão impopular o regime de fato é. Também pode haver medida punitiva contra a família de presos políticos ou tentativa de ocultar hematomas ou evidências de tortura em seus corpos.

No fim de semana, o Egito executou quinze prisioneiros políticos. Especialistas afirmam tratar-se de uma mensagem aos protestos recentes sobre o próprio destino dos manifestantes, caso continuem a clamar pela queda do regime.

LEIA: ‘Sisi é o inimigo de Deus’, cantam no quarto dia de protestos contra o governo egípcio

Desde 20 de setembro, protestos ocorrem em todo o Egito, principalmente nas áreas rurais, estimulados pelo aumento do custo de vida e pela campanha governamental de demolição de casas.

O momento das execuções está relacionado a um incidente no final de setembro, quando o Ministério do Interior anunciou que quatro presidiários e três policiais morreram em uma tentativa de fuga da prisão.

Defensores dos direitos humanos duvidaram da probabilidade de fuga, visto que a Prisão de Tora é uma das mais fortificadas do país, mas é difícil determinar exatamente o que aconteceu, já que os presos têm contato muito limitado com o mundo exterior.

Treze dos prisioneiros executados neste fim de semana estavam no bloco H1 da Prisão Escorpião – parte de Tora onde o suposto incidente ocorreu – e poderiam ter testemunhado o que aconteceu, sugerindo que sua execução poderia também ser um alerta de silêncio a outras testemunhas.

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