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Segunda empresa israelense é exposta por fornecer serviços de hackeamento à Arábia Saudita

Uma mulher usando seu telefone em Riad, Arábia Saudita, em 13 de fevereiro de 2012 [REUTERS / Fahad Shadeed].
Uma mulher usando seu telefone em Riad, Arábia Saudita, em 13 de fevereiro de 2012 [REUTERS / Fahad Shadeed].

Uma empresa israelense forneceu serviços de hackeamento a telefones para a Arábia Saudita. Essa notícia foi revelada por nova investigação do Haaretz,  em um relatório detalhado que expõe a relação confortável entre alguns dos piores regimes de violação dos direitos humanos no mundo e empresas israelenses.

O relatório segue as atividades da Cellebrite, que é uma das várias empresas israelenses que fornecem serviços de hackeamento  ou outros serviços de segurança digital para o reino saudita. Expondo as relações acolhedoras entre as duas partes, o Haaretz relatou um incidente de ataque cibernético ocorrido em novembro passado.

Um representante da empresa israelense teria aterrissado no Aeroporto Internacional Rei Khaled, na capital saudita, Riad, chegando em um vôo comercial de Londres para hackear um telefone que estava em poder do Ministério da Justiça saudita. Os detalhes da visita foram acertados antes da chegada do hacker.

A equipe da Cellebrite exigiu ser recebida no aeroporto de Riade por um representante do governo. Os sauditas também atenderam a outras demandas, como permitir que um funcionário da Cellebrite passasse pelo controle de passaportes sem que seu passaporte fosse carimbado e sem uma inspeção do equipamento eletrônico que ele teria em mãos.

Foi combinado previamente que o hacker seria levado imediatamente para um quarto de hotel isolado – no qual os sauditas se comprometeram a não instalar câmeras – e onde o trabalho de hackear e copiar informações de um telefone celular foi realizado. Quando o trabalho foi concluído, o representante da Cellebrite voltou ao aeroporto e voou de volta para Londres.

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Cellebrite é considerada única devido a sua capacidade de extrair informações de dispositivos que estão em posse física de seus clientes. Sua tecnologia pode ser usada para fins militares e de segurança interna. Diz-se que a tecnologia da empresa não só possibilita hackear smartphones e copiar todas as informações neles contidas, mas também é capaz de reconstruir informações que foram excluídas de um dispositivo.

A Cellebrite supostamente prestou seus serviços aos sauditas na mesma época em que um grupo de cerca de 15 criminosos assassinou o jornalista Jamal Khashoggi em Istambul há dois anos. Seu corpo foi então eliminado em uma operação realizada no consulado saudita em Istambul.

Embora nenhuma evidência tenha sido citada para sugerir que a tecnologia da Cellebrite foi usada para atingir Khashoggi, houve destaque em uma segunda empresa israelense, o Grupo NSO. O software desenvolvido pela empresa de spyware israelense foi usado para hackear o telefone de um membro do círculo íntimo de Khashoggi, o que permitiu que os oficiais de segurança sauditas o rastreassem.

Entre os clientes do Cellebrite, que afirma prestar assistência aos serviços de segurança em 150 países, estão os regimes que enfrentaram protestos políticos, incluindo Hong Kong, onde a polícia apoiada pela China reprimiu violentamente a liberdade de expressão política. A Cellebrite forneceu serviços para a polícia de Hong Kong antes do início dos protestos, mas a tecnologia da empresa continuou a servir à polícia.

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