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Líder cristão libanês parece intensificar críticas ao Hezbollah e aliados, diante da crise

Patriarca maronita Bechara Boutros Al-Rai, autoridade máxima do cristianismo libanês [Wikipedia]
Patriarca maronita Bechara Boutros Al-Rai, autoridade máxima do cristianismo libanês [Wikipedia]

Neste domingo (12), o Patriarca Bechara Boutros Al-Rai, autoridade máxima do cristianismo maronita no Líbano, aumentou o tom de suas críticas ao grupo xiita Hezbollah, alinhado ao Irã, e aliados político; contudo, sem nomeá-los. O religioso alegou que o povo libanês repudia o isolamento político e a decadência oriunda da atual crise no país.

As informações são da agência Reuters.

O Líbano sofre de grave declínio financeiro que marca a maior ameaça à sua estabilidade desde a guerra civil, entre 1975 e 1990.

Pelo segundo sermão consecutivo, o patriarca maronita destacou a importância da neutralidade do Líbano e sugeriu implicitamente críticas ao braço armado do Hezbollah, por seu apoio a ações do Irã, particularmente em conflitos com estados árabes do Golfo.

Rai lidera a Igreja Maronita, que representa o maior grupo de cristãos libaneses, dentre os quais é designado o presidente do país, conforme o sistema político de partilha de poder entre as três principais comunidades religiosas no Líbano: cristãos maronitas, muçulmanos sunitas e muçulmanos xiitas.

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Seus dois últimos sermões conotam uma nova atitude mais abertamente crítica a políticas do Hezbollah e ao Presidente Michel Aoun, aliado do grupo libanês.

“A intervenção [de Rai] foi vista como mudança em sua atitude política, ao deixar de apoiar o presidente e criticar mais abertamente a condição do país, tanto regionalmente quanto internacionalmente”, observou Mohanad Hage Ali, representante do Centro para Oriente Médio Carnegie (CMEC), com sede em Beirute.

O patriarca, em cópia do sermão divulgada por email, reiterou que os cidadãos libaneses “repudiam qualquer maioria parlamentar que desrespeite a constituição … e o modelo libanês de civilização, e que isso os isola de seus irmãos e amigos … além de corrompê-los da abundância ao desejo e da prosperidade ao declínio.”

A crise no Líbano tem suas raízes em décadas de corrupção sistêmica e má administração pública, nas mãos de uma elite sectária que mantém o poder.

Opositores do Hezbollah afirmam que o grupo possui responsabilidade pela crise devido à sua aliança com o Irã, que resultou no distanciamento por parte dos estados árabes do Golfo, antes aliados próximos do governo libanês. O isolamento representou a suspensão de um rota significativa de auxílio econômico ao país.

Sayyed Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, exortou o governo libanês a olhar para o Oriente, à medida que busca ajuda para consertar sua economia. Entretanto, na última semana, reiterou que não significa que o país deva isolar-se do resto do mundo.

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