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Milhares de israelenses protestam contra a anexação em Tel Aviv

Celebridades, ativistas, empresários e especialistas em segurança reuniram-se para protestar contra a decisão israelense de anexar grandes partes da Cisjordânia ocupada

24 de junho de 2020, às 13h19

Milhares de israelenses realizaram protesto na noite de ontem (23), na praça Rabin de Tel Aviv, contra a decisão do Estado de Israel de anexar grande partes da Cisjordânia ocupada.

Celebridades, ativistas, empresários e experts de segurança participaram da manifestação e discursaram no evento, segundo o jornal The Jerusalem Post.

O protesto ocorreu logo após o Secretário-Geral da ONU António Guterres exortar Israel a suspender seus planos de anexação, em relatório oficial que afirma tratar-se de “grave violação da lei internacional”.

“Peço a Israel que abandone seus planos de anexação”, declarou o chefe das Nações Unidas, reiterando que o movimento “ameaça esforços para avançar na direção da paz regional”.

O governo israelense planeja anexar terras ocupadas do Vale do Jordão e assentamentos na Cisjordânia a partir de 1° de julho. Estimativas palestinas indicam que o plano de Israel deverá cobrir mais de 30% da Cisjordânia ocupada.

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“Tenho esperanças de que esta voz da razão, não apenas minha, mas que ressoa em todo o mundo, seja ouvida pelas autoridades israelenses e que a anexação não ocorra em 1° de julho”, prosseguiu Guterres.

Sob o “plano de paz” do Oriente Médio, anunciado pelo presidente americano Donald Trump em janeiro, é previsto que os Estados Unidos reconheçam os assentamentos judaicos, construídos ilegalmente em terras palestinas, como parte de Israel.

Líderes palestinos rejeitaram por completo a iniciativa.

Eu não vou perder a oportunidade de anexar a Palestina [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

Eu não vou perder a oportunidade de anexar a Palestina [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

Durante o protesto, com participação de quase 2.500 pessoas, o ex-chefe de inteligência militar israelense Amos Yadlin alertou sobre os riscos de segurança decorrentes da anexação.

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Yadlin, no entanto, preservou posição sionista ao argumentar que Israel está “no caminho da solução de um estado único para duas nacionalidades distintas [judaica e árabe]. Nosso objetivo é estabelecer um país que seja judaico, democrático, seguro, legítimo e ético.”

“O único mapa que vimos até então, que pressupõe a imagem da anexação, é um mapa conceitual anexo ao plano de Trump … Posso garantir que anexar unilateralmente 30% da Judeia e Samaria [Cisjordânia ocupada] não trará vantagens estratégicas, mas sim graves riscos de segurança, pressão internacional, fracasso moral e de legitimidade”, alertou o especialista israelense.