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Turquia nega cortes de água e acusa Forças Democráticas Sírias

Combatentes das Forças Democráticas Sírias (FDS) reúnem-se em Deir Ezzor, Síria, em 25 de fevereiro de 2019 [Delil Souleiman/Getty Images]

O Ministério de Defesa da Turquia refutou formalmente alegações de cortes e obstrução no fornecimento de água a áreas do norte da Síria. O governo turco devolveu a acusação, ao alegar que os cortes foram conduzidos por grupos paramilitares curdos e pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), que controlam as áreas em questão.

Em declaração emitida no final da semana passada, o porta-voz do ministério Olcay Denizer alegou que Ancara restaurou o centro de tratamento de água de Allouk, na província de Hasaka, Síria, supostamente inutilizada pelos curdos durante a chamada Operação Nascente de Paz, em outubro último.

Grupos curdos filiados às Forças Democráticas Sírias – que combatem o regime autoritário de Bashar al-Assad –, como o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e as Unidades de Proteção Popular (YPG) são considerados “terroristas” pela Turquia.

De acordo com o governo turco, os reparos permitiram “fornecer [água] a Hasaka e suas áreas rurais, em novembro de 2019”. Porém, a Turquia ainda alega que tais instalações dependem de fornecimento de energia elétrica de áreas mantidas pelo YPG e FDS.

Segundo as afirmações turcas, o fornecimento foi obstruído pelas “milícias”, em “ato deliberado de desligamento de transmissão suficiente de eletricidade”, proveniente da usina hidrelétrica de Tishreen.

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Declarou Denizer: “Os cortes frequentes e o fornecimento elétrico já insuficiente impediram os poços artesianos no centro de tratamento de água de Allouk de operar em capacidade plena”.

A questão do fornecimento de água e eletricidade na região é bastante disputada. Em dezembro último, forças russas e turcas estabeleceram um pacto para tentar manter o suprimento adequado na região.

Sob o acordo, Turquia e forças da oposição sob seu apoio devem conceder acesso a água a áreas controladas pelo FDS, em particular Hasaka e Al-Dabasiyah. Em troca, grupos curdos e tropas da Rússia devem abastecer com eletricidade a cidade de Tal Abyad e arredores.

Entretanto, o fornecimento foi apenas parcial, com troca de acusações. Segundo relatos, forças russas e turcas mantiveram a coordenação, mas a Turquia acusa os curdos de não cumprir sua parte do acordo.

O porta-voz da Turquia alega que, até 1° de abril, apenas 10 megawatts de eletricidade foram fornecidos à região, embora sejam necessários um total de 70 megawatts.

Anteriormente, grupos curdos e representantes diversos da comunidade internacional denunciaram que forças da Turquia estavam supostamente utilizando o fornecimento de água como artifício de guerra, ao limitar o acesso da população no norte e nordeste da Síria.

Os cortes resultaram em grandes problemas de acesso à água para a população local.

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