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Trump causa confusão ao sugerir acordo entre Erdogan e curdos da Síria

Presidente dos Estados Unidos Donald Trump realiza coletiva de imprensa em Washington DC, Estados Unidos, 26 de fevereiro de 2020 [Yasin Öztürk/Agência Anadolu]

Presidente dos Estados Unidos Donald Trump declarou que o Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan está pronto para assinar um acordo com os grupos curdos na Síria, em diálogo confuso televisionado ontem (24) sobre a crise do coronavírus.

Ao ser questionado sobre a questão de distanciamento social – prática utilizada e reforçada no mundo inteiro como meio de prevenir a propagação do vírus –, Trump utilizou o conflito e as negociações entre Turquia e grupos curdos da Síria como exemplo.

Em entrevista para a emissora americana Fox News, o presidente americano afirmou: “Com a Turquia – dou esse exemplo – e a Síria, eu disse ‘assine um acordo com os curdos, faça as pazes’. Erdogan, ele não queria – ele é um homem que ama a Turquia e temos uma boa relação –, mas eu disse ‘assine o acordo’. Ele realmente não queria, os curdos também não queriam. E assim em diante, você sabe, a chamada zona neutra… De repente, começam a brigar… e foi terrível e outros países se envolveram. Agora ele diz ‘vamos assinar um acordo’, e disseram ‘tudo bem, vamos assinar um acordo’.”

Trump referia-se aos eventos que levaram à chamada Operação Nascente da Paz, terceira incursão militar conduzida pela Turquia ao noroeste da Síria, lançada em 9 de outubro de 2019. A operação pretendia pressionar a retirada de organizações como as Unidades de Proteção Popular (YPG) e as Forças Democráticas Sírias (FDS) da região de fronteira e estabelecer, portanto, uma zona neutra de 32 quilômetros de extensão para abrigar aproximadamente dois milhões de refugiados sírios – é sobre este aspecto que Trump tentava remeter.

Além de não ter pouco ou nada a ver com a abordagem dos Estados Unidos em relação ao coronavírus, Trump também alegou que a Turquia de fato assinou um acordo com as organizações curdas na Síria conforme a operação chegou ao fim. Entretanto, nenhum acordo do tipo foi assinado entre as partes em questão; apenas entre Turquia e Rússia. Os comentários de Trump desnortearam os jornalistas quanto à analogia e causaram especulações sobre sua capacidade para servir como Presidente dos Estados Unidos neste momento de crise.

Trump ainda comentou na entrevista que seu plano inclui suspender as medidas preventivas de isolamento social, implementadas nos Estados Unidos, até 12 de abril, para celebrar a Páscoa – em menos de três semanas –, a fim de ver “igrejas lotadas em todo o país”.

Os comentários de Trump vão contra qualquer recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), especialistas e seus assessores mais próximos, que alertam para os riscos graves de tais medidas precipitadas e preveem que o surto de coronavírus se agrave diante de suas posições.

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