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Egito prende jornalista Shaima Sami

Jornalista egípcia Shaima Sami, presa por autoridades do Egito, em 21 de maio de 2020 [Twitter]

Forças de segurança do Egito prenderam Shaima Sami, jornalista e ex-pesquisadora para Rede Árabe de Informações sobre Direitos Humanos. Sami alertou em seu Facebook que estava sendo presa em sua casa, na cidade de Alexandria, poucos minutos antes de sua conta pessoal ser desativada.

As autoridades reportaram à família que Sami seria levada à Diretoria de Segurança de Alexandria. Sua família e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) reivindicam sua soltura imediata.

Críticos denunciam que o governo do Egito está utilizando a pandemia de covid-19 para implementar restrições à imprensa. Em março, autoridades revogaram a licença do correspondente do jornal The Guardian no país e aprisionaram uma série de repórteres que reivindicavam a libertação de prisioneiros políticos, sob risco de contágio por coronavírus, em celas superlotadas.

A prisão de Sami ocorre dias após forças de segurança prenderem por quinze dias o jornalista Sameh Hanin, além dos casos de Haitham Hasan Mahgoub, repórter do Al-Masry Al-Youm, e Moatez Abdel Wahab, jornalista e fotógrafo, ambos detidos recentemente.

Haitham assina diversos artigos sobre a pandemia.

No último domingo (17), Lina Attalah, editora-chefe da agência Mada Masr, última rede independente do país, tornou-se a quinta jornalista presa em apenas dez dias. Foi detida em serviço, do lado de fora da célebre Prisão de Tora, durante entrevista com a mãe do ativista preso Alaa Abdel Fattah, em greve de fome contra restrições severas a visitas familiares.

Lina foi libertada sob fiança, horas após a prisão.

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As detenções compreendem uma campanha ampla, projetada pelo governo egípcio de Abdel Fattah el-Sisi, para restringir a liberdade de expressão. Em 12 de maio, o Conselho Supremo do Egito para Regulação de Mídia baniu jornalistas e colaboradores de utilizarem pseudônimos sem aprovação do estado.

Em 21 de abril, o conselho multou o jornal Al-Masry Al-Youm em US$16.000 por artigos publicados sobre a Península do Sinai, onde o governo comete crimes de guerra, ao conduzir uma mal sucedida guerra contra supostos órgãos terroristas.

Os artigos sugeriam isolamento do Sinai em relação ao restante do país e foram escritos sob o pseudônimo Newton. Revelou-se autoria de Salah Diab, editor-chefe do jornal, então proibido pelo governo de exercer sua profissão por três meses.

Em setembro de 2019, o conselho publicou uma lista de regulações de imprensa, como proibição de publicar notícias consideradas prejudiciais à imagem do país ou interesses religiosos.

A organização Repórteres Sem Fronteira relata que há ao menos 29 jornalistas mantidos nas prisões do Egito e mais de 500 sites bloqueados pelas autoridades. O Egito classifica-se em 166° lugar, de 180 países avaliados, no ranking de liberdade de imprensa.

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