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Moldávia planeja transferir embaixada para Jerusalém

Bandeira da Moldávia [foto de arquivo]

A Moldávia anunciou planos para transferir sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, sendo então o primeiro país europeu a fazê-lo.

O anúncio surge no contexto de uma crise política na Moldávia, pequeno país do Leste Europeu localizado entre a Romênia e a Ucrânia.

Desde as eleições de fevereiro, o país vive uma batalha política entre três partidos – o bloco ACUM, pró-União Europeia; os socialistas, liderados pelo presidente moldavo Igor Dodon e apoiado pela Rússia; e o Partido Democrata, liderado pelo magnata da mídia Vladimir Plahotniuc.

Após meses de impasse pós-eleitoral, o ACUM e o Partido Socialista concordaram em compor um governo – movimento não reconhecido pelos democratas, que insistem na permanência do primeiro-ministro anterior, Pavel Filip.

No domingo, o Partido Democrata persuadiu a Corte Constitucional do país a suspender brevemente o presidente Dodon e nomear Filip como presidente por tempo suficiente para permití-lo publicar um decreto para antecipar novas eleições para setembro deste ano, conforme explicado pela rede de notícias israelo-americana Algemeiner. Como presidente interino, Filip anunciou que a Moldávia irá transferir sua embaixada de Tel Aviv para Israel.

Em uma declaração publicada ontem, Filip vinculou as dificuldades domésticas moldavas ao anúncio de transferência da embaixada, assim como à venda de terras para construção de uma nova embaixada americana em Chisinau, capital da Moldávia.

O líder interino escreveu: “Estamos diante de uma situação na qual precisamos urgentemente adotar tais decisões levando em consideração a instabilidade política e as incertezas nacionais, mas também os últimos desdobramentos políticos conforme os quais um dos nossos partidos políticos constantemente obstruiu estes projetos, na tentativa de ilegalmente tomar o poder.”

Prosseguiu: “Há dois compromissos que assumimos anteriormente e queremos ter certeza de que iremos respeitá-los, independente do que ocorrer nas eleições antecipadas.”

Dada a instabilidade política interna da Moldávia, não é claro se o governo será capaz de cumprir estes anúncios. Caso a relocação diplomática seja executada, a Moldávia será o primeiro país europeu a transferir sua embaixada israelense a Jerusalém.

Desde o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelo presidente americano Donald Trump e sua consequente transferência da embaixada dos Estados Unidos à Cidade Santa, em maio de 2018, diversos países afirmaram ter planos para seguir seus passos. A maioria, países da América Latina com relações próximas aos Estados Unidos, incluindo Paraguai e Guatemala.

No entanto, meses depois de transferir sua missão diplomática, o Paraguai reverteu a decisão e retornou a embaixada a Tel Aviv, sob a justificativa de desejar apoiar uma “paz justa, ampla e duradoura” entre israelenses e palestinos.

Embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém, 18 de outubro de 2018
[Thomas Coex/AFP/Getty Images]

O Brasil – que recentemente elegeu o político pró-Israel Jair Bolsonaro como seu presidente – também flertou com a ideia de transferir sua embaixada a Jerusalém. Em março, entretanto, o país pareceu recuar de sua promessa, afirmando que iria inaugurar em seu lugar um “escritório de negócios” em Jerusalém.

Da mesma forma, Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria e representante da extrema-direita europeia, que, assim como Bolsonaro, é considerado parceiro íntimo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, anunciou que seu país irá abrir um “escritório diplomático” em Jerusalém, embora tenha logo rejeitado a promessa de uma embaixada com todas as suas funções.

Apesar de Israel encorajar que outros países transfiram suas embaixadas a Jerusalém – e anunciar a construção de um novo “complexo de embaixadas” que abrigaria nove missões diplomáticas para tal propósito –, a comunidade internacional, em geral, optou por não seguir os passos controversos do presidente Donald Trump.

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