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Petro, da Colômbia, sugere revisar contratos por venda de carvão a Israel

24 de julho de 2025, às 17h37

Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, durante visita de delegação do Conselho de Segurança da ONU a Bogotá, em 8 de fevereiro de 2024 [Juancho Torres/Agência Anadolu]

Gustavo Petro, presidente da Colômbia, sugeriu nesta terça-feira (22) alterar sua parte em um contrato de concessão com a gigante de mineração Glencore, caso a companhia insista em exportar carvão nacional a Israel, informou a agência Reuters.

A empresa alegou cessar os envios sob decreto presidencial, mas Petro advertiu contra eventuais violações.

“Estou disposto a emendar unilateralmente o contrato”, declarou o presidente durante fórum de energia da Comunidade dos Estados da América Latina e Caribe (Celac).

Petro, oriundo da base histórica colombiana, primeiro mandatário de esquerda do país, alertou ainda que, em caso de desacato, deve haver protestos das comunidades locais nos arrabaldes das minas concedidas à Glencore.

A empresa alegou cessar os envios sob decreto presidencial, mas Petro advertiu contra violações. “Nossa última remessa foi há duas semanas”, insistiu a companhia, “antes de o decreto entrar em vigor”.

Petro acionou poderes executivos, conforme determinações da lei internacional sobre prevenção e combate ao genocídio, para suspender todas as exportações de produtos combustíveis a Israel, no contexto da agressão a Gaza.

O governo israelense não comentou a política.

As operações da Glencore em Cerrejon, no nordeste da Colômbia, constituem uma das maiores minas de carvão a céu aberto e operações auxiliares do mundo, incluindo uma ferrovia de 150 km e um porto no Mar do Caribe.

Cerrejon produziu 19 milhões de toneladas de carvão em 2024. Em março deste ano, a empresa anunciou, porém, corte em sua produção anual entre cinco e dez milhões de toneladas, devido à baixa cotação do mercado.

Petro se mantém um dos críticos mais contumazes das ações de Israel na comunidade internacional, incluindo ruptura de laços e apoio ao processo por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, contra o Estado israelense.

O decreto de Petro coincide com apelos por boicote da sociedade civil, que denunciam cumplicidade público-privada para com a crise, sobretudo de empresas de energia que exportam petróleo, gás natural e outros às forças da ocupação.

Um dossiê recente de Francesca Albanese, relatora especial das Nações Unidas, indicou relações entre a estatal brasileira Petrobrás e Tel Aviv, como parte do que caracterizou como “economia do genocídio”.

LEIA: Uma economia do genocídio: Israel e o Relatório Albanese

O governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva, embora alinhado ao discurso de Petro, não anunciou medidas similares até então.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 59 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob destruição, sítio militar e catástrofe de fome.