clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Exportações de petróleo do Irã podem decolar com a China, segundo analista

18 de agosto de 2022, às 07h00

Petroleiro iraniano ancorado na refinaria de El Palito após chegar em Puerto Cabello, norte da Venezuela, em 25 de maio de 2020 [AFP via Getty Images]

O Irã aumentou suas exportações de petróleo em junho e julho e podem elevar ainda mais seus ganhos ao oferecer um desconto considerável a seu principal comprador, a China, sobre o custo dos insumos russos, reportaram empresas de monitoramento, segundo a agência Reuters.

Durante o governo de Joe Biden, apesar das sanções impostas por Washington, o Irã aumentou suas exportações de petróleo, principalmente com destino a China. As remessas, entretanto, se desaceleraram devido à competição com petróleo cru exportado por Moscou.

“Teerã está exportando mais desde o advento da nova gestão nos Estados Unidos, incluindo petróleo, derivados e bens petroquímicos”, alertou Sara Vakhshouri, consultora do mercado energético para a empresa SVB International.

Embora a carestia do petróleo tenha reduzido a pressão para assinar um novo acordo nuclear, caso as negociações para tanto sejam bem-sucedidas, o Irã poderá ampliar seu mercado para além da China, incluindo antigos compradores como Coreia do Sul e Europa.

LEIA: Na esperança de uma ‘OTAN do Oriente Médio’ contra o Irã, Israel e os EUA podem acabar com o coração partido

Não obstante, o ministério responsável em Teerã não comentou os relatos até então.

As exportações para China podem se recuperar em agosto, ao passo que diminui a vantagem de preço de Moscou, dada a queda na demanda europeia como decorrência da invasão da Ucrânia, comentou Emma Li, consultora da Vorteza Analytics.

“O petróleo cru iraniano enfrentou forte concorrência de insumos russos em julho, à medida que barris não-sancionados receberam descontos semelhantes”, acrescentou Li. “Contudo, à medida que a diferença de preço diminui, refinarias chinesas podem recorrer aos barris mais baratos de Teerã”.

Ao importar insumos russos e iranianos sob vasto desconto, a China deu um passo além para fortalecer sua economia perante o Ocidente, que enfrenta carestia ao buscar alternativas no Oriente Médio, no continente africano e em novas fontes nos Estados Unidos.

Questionada pela Reuters, a chancelaria chinesa alegou não ter detalhes sobre o fluxo de petróleo iraniano, mas insistiu objetar as sanções da Casa Branca.

“A China mantém comércio normal com Irã e Rússia em diversas áreas, incluindo petróleo”, declarou um porta-voz. “Esta cooperação legítima merece respeito e salvaguarda”.