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Filantropo diz que pressão política levou à sentença de prisão perpétua na Turquia

Um jornalista fica em frente a um pôster com o empresário e filantropo preso Osman Kavala durante uma coletiva de imprensa de seus advogados, em 31 de outubro de 2018 [Ozan Kose/AFP via Getty Images]

O filantropo turco Osman Kavala, que foi condenado à prisão perpétua por tentar derrubar o governo financiando protestos em 2013, disse que a decisão violou os padrões legais e refletiu a pressão política sobre o tribunal, relatou a Reuters.

Um tribunal de Istambul condenou Kavala na semana passada, em um caso que o principal tribunal da Europa e as potências ocidentais dizem ter motivação política.

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH, na sigla em inglês) e os aliados ocidentais de Ancara, incluindo Washington, pediram o fim da detenção de Kavala.

“A decisão é arbitrária e tomada em violação às normas legais sob pressão política”, disse Kavala em comunicado.

Países como Estados Unidos, França e Alemanha veem a decisão como uma tentativa do governo do presidente Tayyip Erdogan de silenciar os oponentes.

O ministro das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, disse a repórteres na terça-feira que o Ocidente se concentrou na sentença devido ao financiamento e “uso” do ativista de direitos humanos.

“Ancara entende as reações à condenação de Kavala. A pessoa que eles financiaram e usaram foi para a prisão”, disse Cavusoglu.

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Falando dois dias após o veredito, Erdogan chamou Kavala de George Soros da Turquia, referindo-se ao filantropo bilionário dos EUA e coordenador dos protestos de Gezi em 2013.

Kavala nega estar por trás dos protestos e ser financiado por Soros. Os protestos começaram como pequenas manifestações em um parque de Istambul e se transformaram em distúrbios antigovernamentais em todo o país.

“Houve tentativas de justificar a decisão do tribunal com declarações alegando que sou apoiado por Soros. É um fato simples que eu não organizei os protestos de Gezi”, disse Kavala em seu comunicado.

“É inútil vincular Soros ou qualquer outro ator externo ao fato de que centenas de milhares de nossos concidadãos saíram às ruas contra práticas antidemocráticas com senso de justiça, exigindo liberdade”, disse ele.

“O julgamento de Gezi revelou o estado do judiciário, expondo ainda mais o grande perigo que representa para os concidadãos a manipulação do judiciário nesses termos”, disse Kavala.

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