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Líder das principais gangues do Haiti ameaça empresários de origem sírio-libanesa

Líder do grupo G9, que reúne nove gangues do Haiti, Jimmy Cherizier, conhecido como "Barbecue", durante discurso publicado no youtube, em 10 de julho de 2021 [Reprodução/Youtube]

Neste sábado, o líder de nove das mais poderosas gangues do Haiti, Jimmy Cherizier, ameaçou empresários de origem síria e libanesa, que ele considera “donos do sistema” haitiano. O perigoso ex-policial conhecido como “Barbecue” afirmou, durante um discurso inflamado publicado Youtube, que seus homens poderiam tomar as ruas do país em resposta ao assassinato do presidente Jovenel Moïse.

Cherizier, chefe de uma aliança entre líderes das nove maiores gangues haitianas, afirmou que seus seguidores iriam praticar o que ele chamou de “violência legítima” e era hora dos “senhores do sistema”, empresários magnatas de ascendência síria e libanesa que dominam partes da economia haitiana – “devolverem” o país.

“Vamos sair às ruas para pedir aos sírio-libaneses, que mantêm este país como refém, que nos devolvam o nosso país”, disse o líder da federação “G9 an Fanmi e Alye ”, composta por nove perigosos grupos armados. “Já está na hora que os negros de cabelos crespos como nós sejamos os donos de supermercados, de concessionárias de carros e donos de bancos”.

No país, o temido “Barbecue” era considerado próximo do presidente Jovenel Moise, mas nos últimos dois meses ocorreram conflitos entre as gangues do G9 e a polícia, levando Cherizier a passar para a oposição.  Com a escalada da violência, ele anunciou no último dia 24 de junho uma revolução contra a elite política do país.

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Segundo o site de notícias português Observador, Barbecue anunciou que passava para a oposição no dia 1 de julho e liderou uma manifestação em Pedro Príncipe, em que membros do G9 armados exigiam a renúncia de Jovenel Moïse.

“Muitas pessoas da oposição e da burguesia fedorenta se uniram para trair o presidente. É uma conspiração nacional e internacional contra o povo haitiano. Peço a todos os grupos (gangues) que se mobilizem. Vão para as ruas. Exigimos explicações sobre o assassinato do presidente. Tivemos um problema com o presidente, mas nunca dissemos que os estrangeiros podem entrar em nosso território para matá-lo”, afirmou Jimmy Cherizier.

O presidente do Haiti, Jovenel Moïse, foi morto em sua casa, em Porto Príncipe, por mercenários na última quarta-feira (7). Horas após o crime, os militares afirmaram que pelo menos 28 homens eram suspeitos de participar do ataque, e 26 deles eram colombianos. Eles prenderam quinze supostos combatentes colombianos contratados por uma agência de segurança da Flórida, Estados Unidos, e dois norte-americanos de origem haitiana, que teriam sido os tradutores.

Neste domingo, a Polícia Nacional do Haiti anunciou a prisão do suposto autor intelectual do crime, o médico haitiano radicado na Flórida, Christian Emmanuel Sanon. De acordo com o chefe da polícia haitiana, Léon Charles, Sanon conspirava para se tornar presidente do país e foi a primeira pessoa para quem os suspeitos ligaram após a captura. A polícia afirmou que há outros dois autores intelectuais envolvidos, que não tiveram os nomes divulgados, e que na casa do médico foi encontrado um boné da DEA (agência antidrogas dos EUA), uma caixa de cartuchos, vinte caixas de balas, 24 alvos de tiro sem uso e quatro placas da República Dominicana.

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