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Drones sobrevoam barco Handala, rumo a Gaza, sob alertas de ataque israelense

26 de julho de 2025, às 12h30

Barco Handala, da Flotilha da Liberdade, deixa o Porto de Gallipoli, na Itália, em 20 de julho de 2025 [Valeria Ferraro/Agência Anadolu]

A Coalizão da Flotilha da Liberdade reportou na noite desta sexta-feira (25) que drones foram avistados sobrevoando o barco Handala, com carca de bens humanitários, rumo a Gaza, ao alimentar apreensão de possível interceptação de Israel e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“Nos últimos 45 minutos, dezesseis drones foram vistos sobrevoando o Handala, alguns em pares, alguns diretamente sobre a embarcação”, alertou a coalizão em comunicado divulgado no Telegram.

Gabrielle Cathala, deputada francesa que integra a tripulação, com 21 ativistas a bordo, emitiu uma mensagem de voz intitulada “Dia 6”, na qual advertiu para uma invasão em potencial por volta da manhã de sábado (26).

 

“Estamos unidos, em plena solidariedade — e preparados”, destacou Cathala. “Drones começaram a aparecer. Se o Wi-Fi for cortado, coisas estranhas devem acontecer. Mas não se preocupem conosco. Pensem nos palestinos — estão sofrendo. O genocídio que estão vivenciando é muito pior do que o risco que enfrentamos”.

Mais cedo, nesta semana, a coalizão confirmou perda de comunicação por duas horas, durante as quais diversos drones circularam o barco. O contato foi restaurado; todavia, drones permaneceram à volta.

O Handala deixou o porto de Siracusa na Itália em 13 de julho e completou seu preparo final em Gallipoli, entre 15 e 20 de julho.

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O navio, com fórmula para bebês e crianças, comida e medicamentos, retomou o curso com destino à Faixa de Gaza sitiada em 20 de julho, com 21 civis a bordo, desarmados, cuja ação é consoante com as leis marítimas e humanitárias internacionais.

A missão do Handala é romper o cerco israelense e entregar socorro para salvar vidas aos palestinos de Gaza, na esteira de seu antecessor, o Madleen, sequestrado por Israel em águas internacionais em 9 de junho.

A bordo da primeira embarcação, estavam Greta Thunberg, ativista sueca, e o brasileiro Thiago Ávila, encarcerado por dias pela ocupação israelense.

Sob ameaças do governo em Tel Aviv, a tripulação do Madleen anunciou greve de fome, caso a intervenção se materialize. Ativistas anteciparam ainda contato e apelos a seus governos, em busca de proteção diplomática.

Israel mantém embargo quase absoluto à assistência humanitária a Gaza, ao assumir o controle da distribuição mediante a chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês), mecanismo militarizado responsável por quase mil mortes.

Ao menos 123 palestinos morreram de inanição devido ao cerco israelense, além de 17 mil crianças diagnosticadas com desnutrição.

As ações israelenses, investigadas como genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, deixaram quase 60 mil mortos e dois milhões de desabrigados em cerca de 20 meses, desde outubro de 2023.

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