USAID desmente Israel, revela nenhuma evidência de roubo de assistência em Gaza

4 meses ago

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Um estudo interno da Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (USAID) confirmou que não há evidências de roubo de bens humanitários por parte do grupo palestino Hamas, ao desmentir o pretexto de Israel e da Casa Branca em instituir um mecanismo militarizado de ajuda — denunciado como “armadilha mortal”

O estudo — completado em junho pelo Escritório de Assistência Humanitária (BHA) da USAID — demorou um mês para vir a público. Peritos analisaram 156 casos de suposta expropriação ou perda de suprimentos americanos, reportados por entidades filiadas a Washington, entre outubro de 2023 e maio de 2025.

O dossiê concluiu, no entanto, não haver “quaisquer testemunhos” de que o Hamas — como instituição — beneficiou-se de recursos americanos, conforme apresentação em slides compartilhada com a agência de notícias Reuters.

A USAID era a maior doadora a Gaza até janeiro, quando o governo recém-empossado do presidente Donald Trump congelou todas os envios de assistência ao exterior, com o encerramento de milhares de programas essenciais.

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Desde então, a administração trumpista busca desmantelar a agência, ao encaminhar suas incumbências ao Departamento de Estado, sob gestão de Marco Rubio.

A recente análise da USAID revelou ainda que ao menos 44 dos 156 incidentes de itens supostamente expropriados ou perdidos se deu “direta ou indiretamente” por ações do exército da ocupação israelense.

Um porta-voz do Departamento de Estado contestou o relatório, ao insistir ter provas em vídeo de saque do Hamas; entretanto, sem compartilhar os registros. Para o oficial, grupos humanitários estariam encobrindo “corrupção”.

As descobertas foram repassadas à ouvidoria-geral da USAID e a oficiais relevantes do Departamento de Estado, envolvidos na política do Oriente Médio. 

A conclusão coincide com uma catástrofe de fome em Gaza, sob cerco israelense, após meses de aplicação da iniciativa israelo-americana denominada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês), composta por mercenários estrangeiros e soldados coloniais, responsável por centenas de mortes entre requerentes de ajuda.

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Segundo dados do Programa Alimentar Mundial (PAM), agência das Nações Unidas, ao menos um quarto da população de Gaza — entre 2.1 e 2.4 milhões de pessoas, no total — enfrenta fome endêmica, além de milhares com desnutrição aguda.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) corroborou os alertas, ao notar que a inanição levou a mortes de crianças.

A ONU, de sua parte, estima que forças israelenses mataram mais de mil palestinos que buscavam suprimentos alimentares nos postos armados da GHF, administrada por um ex-agente da CIA e formada por veteranos do exército americano.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com quase 60 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome. Desde março, o regime ocupante fecha todas as fronteiras, após rescindir unilateralmente um acordo de cessar-fogo. As vítimas são, em maioria, mulheres e crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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