Moshe Ya’alon, ex-ministro da Defesa e ex-chefe do Estado-maior do exército de Israel, acusou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de travar uma “guerra de mentira” na Faixa de Gaza, por motivações políticas e pessoais.
Durante um protesto de massa realizado na Praça Rabin, no centro de Tel Aviv, Ya’alon alertou que Netanyahu “continua a sacrificar os reféns e soldados para permanecer no poder”.
Ao pedir um cessar-fogo, acrescentou o ex-general: “Esta guerra é uma fraude política. Seu objetivo é preservar a coalizão e manter o cidadão responsável pelo desastre de 7 de outubro no poder. Se ele é o líder, ele é o responsável”.
Ya’alon observou que o premiê reuniu o que descreveu como “coalizão de bajuladores, manipuladores e corruptos”, a fim de desmantelar o sistema judicial e deliberadamente prorrogar os conflitos em que Israel está envolvido.
“Esta é a guerra mais longa de nossa história — uma guerra fútil, de mentira, na qual os soldados e os reféns estão sendo sacrificados por interesses políticos … Netanyahu está sacrificando os reféns desde o primeiro dia de campanha”, disse Ya’alon.
Os comentários de Ya’alon parecem acompanhar uma tendência de indignação pública em Israel, que contesta as ações do governo, mas ignora o genocídio em Gaza. Todavia, se somam à pressão internacional por um cessar-fogo e troca de prisioneiros.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro de 2023, como retaliação e punição coletiva por uma ação transfronteiriça do encabeçada pelo grupo Hamas, contra o sítio militar e os avanços da ocupação, que capturou colonos e soldados.
Desde então, são ao menos 56.600 palestinos mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco absoluto — sem comida, água ou medicamentos.
Após mais de 630 dias de operações militares destrutivas, estima-se 50 prisioneiros de guerra israelenses ainda em Gaza, dos quais metade foi morta por fogo amigo — isto é, pelos bombardeios indiscriminados de Israel.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão a Netanyahu e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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