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Arábia Saudita alega apoio a cessar-fogo e ‘solução de dois Estados’

4 de julho de 2025, às 17h25

Ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, durante encontro da Organização para Cooperação Islâmica (OCI), em Istambul, Turquia, em 21 de junho de 2025 [Cemal Yurttas/Agência Anadolu]

A Arábia Saudita alegou nesta sexta-feira (4) apoio a um cessar-fogo imediato em Gaza, em urgência para dar fim ao “sofrimento horrível” imposto a civis palestinos em meio à campanha militar em curso de Israel.

Faisal bin Farhan, ministro de Relações Exteriores saudita, afirmou em coletiva ao lado de seu homólogo russo, Sergey Lavrov, em Moscou, que a prioridade máxima é “cessar o derramamento de sangue e apaziguar as terríveis condições humanitárias”.

Neste mesmo sentido, o ministro reiterou apoio incondicional do reino à criação de um Estado palestino nas fronteiras de junho de 1967 — isto é, incluindo Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental —, ao descrever a “paz” como “alternativa estratégica”.

Farhan revelou conversas com Paris para determinar uma data adequada para retomar uma conferência internacional sobre o estabelecimento de um Estado palestino, assim como desescalada regional.

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O fórum estava previsto para este mês, mas foi suspenso após a agressão israelense ao israelense ao Irã, em 13 de junho, com troca de disparos por cerca de dez dias.

Ao lado de Lavrov — implicado na invasão russa da Ucrânia —, Furhan argumentou que o diálogo e a diplomacia devem prevalecer não somente no Oriente Médio, como em todas as zonas de conflito.

O chanceler saudita mencionou ainda “a liderança do presidente [dos Estados Unidos] Donald Trump”, para supostamente auxiliar a região a alcançar a uma “resolução final” do conflito na Palestina ocupada, incluindo um Estado palestino.

As declarações coincidem com o anúncio do movimento palestino Hamas de que está avaliando propostas de cessar-fogo encaminhadas pelos mediadores. Para o Hamas, no entanto, é crucial a retirada das tropas ocupantes de Gaza e acesso humanitário.

A contrapartida, contudo, deve enfrentar novamente resistência do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusado de impedir uma trégua por razões pessoais de sua sobrevivência política.

Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo, ao manter ataques indiscriminados contra a Faixa de Gaza há mais de 630 dias, com mais de 57 mil mortos e dois milhões de desabrigados sob cerco e catástrofe de fome.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra Netanyahu e Yoav Gallant, ex-ministro da Defesa, por crimes de guerra e lesa-humanidade conduzidos em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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