A Arábia Saudita alegou nesta sexta-feira (4) apoio a um cessar-fogo imediato em Gaza, em urgência para dar fim ao “sofrimento horrível” imposto a civis palestinos em meio à campanha militar em curso de Israel.
Faisal bin Farhan, ministro de Relações Exteriores saudita, afirmou em coletiva ao lado de seu homólogo russo, Sergey Lavrov, em Moscou, que a prioridade máxima é “cessar o derramamento de sangue e apaziguar as terríveis condições humanitárias”.
Neste mesmo sentido, o ministro reiterou apoio incondicional do reino à criação de um Estado palestino nas fronteiras de junho de 1967 — isto é, incluindo Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental —, ao descrever a “paz” como “alternativa estratégica”.
Farhan revelou conversas com Paris para determinar uma data adequada para retomar uma conferência internacional sobre o estabelecimento de um Estado palestino, assim como desescalada regional.
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O fórum estava previsto para este mês, mas foi suspenso após a agressão israelense ao israelense ao Irã, em 13 de junho, com troca de disparos por cerca de dez dias.
Ao lado de Lavrov — implicado na invasão russa da Ucrânia —, Furhan argumentou que o diálogo e a diplomacia devem prevalecer não somente no Oriente Médio, como em todas as zonas de conflito.
O chanceler saudita mencionou ainda “a liderança do presidente [dos Estados Unidos] Donald Trump”, para supostamente auxiliar a região a alcançar a uma “resolução final” do conflito na Palestina ocupada, incluindo um Estado palestino.
As declarações coincidem com o anúncio do movimento palestino Hamas de que está avaliando propostas de cessar-fogo encaminhadas pelos mediadores. Para o Hamas, no entanto, é crucial a retirada das tropas ocupantes de Gaza e acesso humanitário.
A contrapartida, contudo, deve enfrentar novamente resistência do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusado de impedir uma trégua por razões pessoais de sua sobrevivência política.
Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo, ao manter ataques indiscriminados contra a Faixa de Gaza há mais de 630 dias, com mais de 57 mil mortos e dois milhões de desabrigados sob cerco e catástrofe de fome.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra Netanyahu e Yoav Gallant, ex-ministro da Defesa, por crimes de guerra e lesa-humanidade conduzidos em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.