A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou nesta quarta-feira (2) que cerca de 85% da Faixa de Gaza sitiada está tomada por zonas militares estabelecidas por Israel, sob ordens de deslocamento ou ambas as instâncias, reportou a rede Anadolu.
Conforme o porta-voz Stephane Dujarric, ordens de deslocamento “seguem impedindo severamente o acesso das pessoas a apoio humanitário fundamental e a capacidade de trabalhadores assistenciais de chegar à população carente”.
Dujarric notou que mais recente ordem de evacuação israelense incidiu a dois distritos de Khan Younis que abrigam mais de 80 mil pessoas.
Parceiros da ONU, acrescentou, notaram que o reservatório de água de al Satar tornou-se inacessível sob as restrições de Israel, agravando a crise hídrica e de saneamento. Al Satar é a principal estação de distribuição de água de Khan Younis, explorada por Israel para abastecer suas tropas.
“Danos ao reservatório devem levar ao colapso da distribuição de água na cidade, com graves consequências humanitárias”, reiterou Dujarric.
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De acordo com o oficial, as ordens de deslocamento também “impedem serviços vitais, ao empurrar as pessoas a bantustões cada vez menores”.
“Desde o colapso do cessar-fogo”, observou, “em março, até esta terça-feira, em torno de 714 mil pessoas foram deslocadas à força novamente em Gaza, com 29 deslocadas em apenas 24 horas, entre domingo e segunda”.
“Nenhuma assistência habitacional entrou em Gaza em quatro meses”, ressaltou. “De acordo com nossos parceiros, cerca de 97% dos locais analisados possuem deslocados dormindo ao relento”.
Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo ao manter ataques e cerco militar a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 56.600 mortos e 134.500 feridos, além de dois milhões de desabrigados submetidos a uma catástrofe de fome.
Em março, o regime da ocupação rescindiu unilateralmente um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros com o grupo Hamas, retomando ataques intensivos e ampliando o cerco, mediante um novo sistema assistencial militarizado israelo-americano.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
Israel é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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