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Paquistão indicará Trump para o Prêmio Nobel da Paz

21 de junho de 2025, às 11h53

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixa a Casa Branca rumo a Bedminster, Nova Jersey, em Washington, D.C., Estados Unidos, em 20 de junho de 2025. [Celal Güneş – Agência Anadolu]

O Paquistão anunciou no sábado que recomendaria o presidente dos EUA, Donald Trump, ao Prêmio Nobel da Paz, uma homenagem que ele afirma almejar, por seu trabalho na resolução do recente conflito entre a Índia e o Paquistão, segundo a Anadolu.

Alguns analistas no Paquistão disseram que a medida pode persuadir Trump a reconsiderar a possibilidade de se juntar a Israel no ataque às instalações nucleares do Irã. O Paquistão condenou a ação de Israel como uma violação do direito internacional e uma ameaça à estabilidade regional.

Em maio, um anúncio surpresa de Trump sobre um cessar-fogo pôs fim abrupto a um conflito de quatro dias entre os inimigos nucleares Índia e Paquistão. Desde então, Trump tem afirmado repetidamente que evitou uma guerra nuclear, salvou milhões de vidas e se queixa de não ter recebido crédito por isso.

O Paquistão concorda que a intervenção diplomática dos EUA encerrou os combates, mas a Índia afirma que se tratou de um acordo bilateral entre os dois exércitos.

“O presidente Trump demonstrou grande visão estratégica e uma liderança excepcional por meio de um sólido engajamento diplomático com Islamabad e Nova Déli, o que acalmou uma situação que se deteriorava rapidamente”, disse o Paquistão. “Esta intervenção é uma prova de seu papel como um verdadeiro pacificador.”

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Governos podem indicar pessoas para o Prêmio Nobel da Paz. Não houve resposta imediata de Washington. Um porta-voz do governo indiano não respondeu a um pedido de comentário.

Trump tem afirmado repetidamente que está disposto a mediar entre a Índia e o Paquistão sobre a disputada região da Caxemira, sua principal fonte de inimizade. Islamabad, que há muito tempo clama pela atenção internacional para a Caxemira, está satisfeita.

Mas sua postura alterou a política dos EUA no Sul da Ásia, que favorecia a Índia como contrapeso à China, e colocou em questão as relações anteriormente estreitas entre Trump e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

Em uma publicação nas redes sociais na sexta-feira, Trump apresentou uma longa lista de conflitos que afirmou ter resolvido, incluindo a Índia e o Paquistão e os acordos de Abraão em seu primeiro mandato, entre Israel e alguns países de maioria muçulmana. Ele acrescentou: “Não receberei um Prêmio Nobel da Paz, não importa o que eu faça.”

A decisão do Paquistão de indicar Trump ocorreu na mesma semana em que seu chefe do exército, o marechal de campo Asim Munir, se encontrou com o líder americano para um almoço. Foi a primeira vez que um líder militar paquistanês foi convidado à Casa Branca quando um governo civil estava em Islamabad.

O encontro planejado entre Trump e Modi na cúpula do G7 no Canadá na semana passada não ocorreu após a saída antecipada do presidente americano, mas os dois conversaram posteriormente por telefone, no qual Modi afirmou que “a Índia não aceita e nunca aceitará mediação” em sua disputa com o Paquistão, segundo o governo indiano.

Mushahid Hussain, ex-presidente do Comitê de Defesa do Senado no parlamento paquistanês, sugeriu que a indicação de Trump para o prêmio da paz era justificada.

“Trump é bom para o Paquistão”, disse ele. “Se isso alimenta o ego de Trump, que assim seja. Todos os líderes europeus têm puxado o saco dele.”

Mas a atitude não foi universalmente aplaudida no Paquistão, onde o apoio de Trump à guerra de Israel em Gaza inflamou as paixões.

“O paizão de Israel em Gaza e apoiador de seus ataques ao Irã não é candidato a prêmio algum”, disse Talat Hussain, um importante apresentador de talk show político da televisão paquistanesa, em uma publicação no X. “E se ele começar a beijar Modi nas duas bochechas novamente depois de alguns meses?”

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