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Trump promete decidir sobre guerra com Irã dentro de 15 dias

20 de junho de 2025, às 10h57

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixa a Casa Branca a Calgary, no Canadá, para reunião do G7, em Washington DC, em 15 de junho de 2025 [Celal Günes/Agência Anadolu]

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, prometeu nesta quinta-feira (19) tomar uma decisão sobre conduzir ou não ataques diretos ao Irã dentro de duas semanas, de acordo com informações da agência Anadolu.

“Com base no fato de que há uma chance considerável de negociações que podem ou não ocorrer, com o Irã, no futuro próximo, tomarei minha decisão dentro das próximas duas semanas”, declarou Trump em comunicado, lido em voz alta por Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca.

Trump enfrenta divergências em sua base republicana sobre intervir no Irã em favor de Israel. Vozes de destaque, como o polemista de mídia Tucker Carlson, o estrategista de ultradireita Steve Bannon, o senador Rand Paul e a deputada Marjorie Taylor Greene se dizem contrários.

Para críticos e analistas, o envolvimento direto comprometeria Trump em uma onerosa intervenção estrangeira, algo que prometeu não fazer durante a campanha.

Ainda assim, veteranos republicanos — ligados ao sionismo fundamentalista cristão —, como os senadores sulistas Ted Cruz e Lindsey Graham, instigam a guerra.

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Desde a deflagração dos ataques não-provocados de Israel, na última sexta-feira (13), a Casa Branca repete o mantra de que a prioridade trumpista é evitar que Teerã obtenha uma suposta bomba nuclear.

“Ninguém pode duvidar da posição do presidente, de que Teerã não pode, de maneira alguma, obter uma arma nuclear”, defendeu Leavitt. “Ele é claro sobre isso há décadas. É por isso que deu tamanha latitude e delegou esforço a uma solução diplomática, mas foi sempre muito claro”.

A porta-voz alegou — sem provas — que o Irã “tem tudo o que precisa para conseguir uma arma nuclear, falta apenas a ordem do Supremo Líder [Ali Khamenei]; em algumas semanas teria concluído a produção dessa arma”.

Para Leavitt, a eventualidade “imporia uma ameaça existencial não só a Israel, mas aos Estados Unidos e a todo o mundo [sic]”.

O Estado iraniano, no entanto, nega intenções belicistas em sua pesquisa nuclear.

Leavitt confirmou ainda relatos prévios de que o assessor especial de Trump ao Oriente Médio, Steve Witkoff, estaria em contato com o ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, desde os ataques de Israel da última semana.

“Como sabem, seguimos engajados em seis rodadas de negociações com o Irã — tanto direta quanto indiretamente”, reiterou, em referência a conversas nucleares suspensas pelos ataques de Israel, para renovar o acordo rescindido por Trump em 2018.

Negociações foram retomadas em abril e deviam continuar no último domingo (15), no sentido de mitigar sanções ocidentais em troca de conter o enriquecimento de urânio iraniano. Israel, no entanto, matou alguns dos principais negociadores.

Desde então, Teerã e Tel Aviv trocam disparos balísticos, com ao menos 640 mortos do lado iraniano e 25 do lado israelense — embora as informações sejam opacas.

O cronograma de uma quinzena de Trump antecedeu um encontro entre ministros de Relações Exteriores de Alemanha, França e Reino Unido com Araghchi, em Genebra, à procura de uma possível solução diplomática.

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