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Maioria nos EUA rejeita entrada na guerra Irã–Israel, confirma pesquisa

19 de junho de 2025, às 11h25

Protesto pró-Palestina em frente ao Rockefeller Plaza, durante participação da presidenciável democrata Kamala Harris no programa Saturday Night Live, em Nova York, 2 de novembro de 2024 [Selçuk Acar/Agência Anadolu]

Uma nova pesquisa das agências YouGov/Economist corroborou que a grande maioria dos americanos se opõe ao envolvimento militar dos Estados Unidos na escalada entre Irã e Israel. O resultado confirma crescente rejeição do público a intervenções externas, mesmo no que diz respeito a aliados históricos da Casa Branca.

Segundo a pesquisa, conduzida entre 13 e 16 de junho, após eclodir a troca de disparos Teerã—Tel Aviv, cerca de 60% dos americanos repudiam a participação no conflito, com apenas 16% favoráveis.

Entre eleitores do Partido Republicano — do presidente Donald Trump — cerca de 53% negam apoio, contra 19% favoráveis. Os dados indicam mudanças no sentimento deste nicho, tradicionalmente alinhado a Israel.

Analistas advertem para tentativas do premiê israelense Benjamin Netanyahu de atrair Washington ao conflito. Na sexta-feira (13), Israel deflagrou ataques não-provocados a zonas civis, militares e nucleares do Estado persa. 

Trump negou envolvimento até então, mas manteve sua retórica inflamatória.

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A pesquisa revelou ainda um surpreendente apoio à diplomacia dentre os americanos: cerca de 61% dos republicanos e 56% do público geral apoiam as negociações com o Irã sobre seu programa nuclear. 

Os dados parecem desmentir percepções da grande mídia e de políticos linha-dura que retratam disputas com Teerã como inegociáveis.

À medida que deputados republicanos entram em contenda sobre a política externa do partido, parlamentares como Thomas Massie buscam conter o executivo. Massie e seu colega democrata Ro Khanna introduziram uma Resolução sobre os Poderes de Guerra, ao reafirmar que apenas o Congresso detém a prerrogativa de declará-la.

Para Massie, na rede social X (Twitter), “não é a nossa guerra”.

Oposição a maior envolvimento militar é ainda crescente no contexto de preocupações humanitárias. Mais de 55 mil pessoas foram mortas por Israel em Gaza desde outubro de 2023, em maioria mulheres e crianças.

A catástrofe subsequente e acusações de genocídio — assim investigadas pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia — alimentaram apelos nos Estados Unidos para que o país reavalie seu apoio militar incondicional ao regime ocupante.

A recente pesquisa reflete ampla fadiga do público perante décadas de ações armadas do país no exterior, em meio a uma crise interna igualmente gradativa.

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