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Sem salvo-conduto: Israel impede cidadãos de voarem para fora do país

17 de junho de 2025, às 13h26

Israel suspende voos no Aeroporto Internacional Ben-Gurion, em Tel Aviv, 13 de junho de 2025 [Nir Keidar/Agência Anadolu]

O governo de Israel emitiu uma diretiva para impedir que seus cidadãos — em maioria, colonos binacionais — voem para fora do país, ao alegar razões de segurança diante da escalada contra o Irã.

Segundo o jornal Haaretz, autoridades instruíram voos domésticos a não permitirem o embarque de cidadãos nacionais, sob pretexto de eventual retaliação de Teerã após um ataque sem precedentes ao aeroporto iraniano de Mexede, no leste do país.

O aeroporto Ben-Gurion, principal terminal aéreo israelense, próximo a Tel Aviv, segue fechado “até novo aviso”. Autoridades sugerem risco de superlotação e mesmo baixas massivas, em caso de ataques de Teerã.

Miri Regev, ministra dos Transportes de Israel, anunciou a medida: “Não aprovaremos partidas de israelenses ao exterior no momento”. Não-nacionais — como diplomatas e turistas — têm, no entanto, autorização de saída.

Regev insistiu ainda que o governo prepara repatriação de cem mil colonos, “de modo planejado e escalonado”.

A política incitou disputas. Benny Gantz, chefe do partido de União Nacional e membro do Gabinete de Guerra, rechaçou o anúncio de Regev: “Uma idosa esperando cirurgia; uma jovem viúva que perdeu seu filho, sozinha, em luto — apenas dois dos milhares de exemplos de pessoas que desejam ir para a casa. Seu trabalho, senhora ministra, não é julgar, mas garantir retorno seguro”.

As medidas — na prática, restrições de viagem — deixam cidadãos expostos ou sujeitos ao isolamento em bunkers, sem alternativa de salvo-conduto.

Israel possui uma das maiores incidências de dupla nacionalidade. Aeroportos lotados se tornaram imagens recorrentes em momentos-chave de conflito, como nas semanas seguintes a 7 de outubro de 2023 e aos ataques iranianos do último ano.

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Os dados mais recentes confirmam a preferência de saída de cidadãos binacionais em contextos de escalada — em contraste com as promessas de “segurança aos judeus” do Estado colonial sionista desde sua concepção.

Israel guarda apreensão crescente sobre uma emigração judaica da Palestina histórica, em um momento em que a demografia volta ao centro do projeto político, incluindo a limpeza étnica e o genocídio dos palestinos nativos.

Israel vive ataques retaliatórios do Irã, após disparos não-provocados desde sexta-feira (13). Os disparos iranianos romperam as barreiras de defesa israelenses. Não há sinais de desescalada até então.