Irã e Israel trocaram novos ataques na madrugada e manhã desta segunda-feira (16), à medida que persiste a confrontação armada entre ambos os adversários geopolíticos, após o lado israelense atacar Teerã e outras cidades na sexta-feira (13).
Uma escalada retórica de ambas as lideranças sugere pouco prospecto de desescalada, com risco de um conflito regional.
O Irã anunciou ter lançado cerca de cem mísseis e prometeu maior retaliação contra os ataques de Israel a sua infraestrutura militar e nuclear, além de zonas residenciais, com ao menos 244 mortos desde sexta-feira.
Em Israel, ao menos oito colonos morreram, confirmou a rádio militar Kan — cinco na zona central e três na cidade portuária de Haifa. Dezenas ficaram feridos. Estima-se ao menos 20 israelenses mortos e 300 feridos desde o início da escalada.
Um ramo da embaixada dos Estados Unidos em Tel Aviv sofreu “danos menores” pelos ataques, reportou o enviado americano Mike Huckabee.
Israel não cedeu em sua ofensiva. Jatos de guerra, de acordo com o exército israelense, atingiram supostos centros de comando pertencentes às Forças al-Quds — unidade de elite da Guarda Revolucionária — em Teerã.
Em postagem no Twitter (X), o exército israelense adotou seu usual tom de propaganda de guerra: “Nestes locais, agentes planejavam ataques terroristas [sic] contra o Estado de Israel por meio de aliados do regime iraniano no Oriente Médio”.
No domingo (15), o Irã reportou ataques israelenses a suas refinarias de petróleo, além de centros populacionais.
‘Cheguem a um acordo’
A comunidade internacional insiste em pedir comedimento no conflito, deflagrado por Israel por suas operações de sexta-feira, que incluíram disparos a sítios nucleares, com grave risco, e assassinatos sumários de oficiais militares e cientistas.
Israel alega, sem provas, que a ofensiva é necessária para impedir o Irã de desenvolver armas atômicas. O Irã, no entanto, estava envolvido em negociações nucleares com os Estados Unidos, suspensas desde então.
Teerã reagiu com mísseis balísticos, em uma troca que não se atenuou até então.
Para o presidente americano Donald Trump ambos devem “chegar a um acordo”, mas podem primeiro ter de “extravasar”. Trump — aliado ferrenho de Israel — tem mantido ambiguidade, ao negar envolvimento nas operações.
Para o Irã, porém, Washington é cúmplice das ações e está sujeito a eventuais ataques contra bases na Síria e em toda a região.
A troca de palavras seguiu também violenta, sem chances de recuos. Nesta segunda, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, alertou que os residentes de Teerã — isto é, a população civil — devem “pagar o preço” pelos disparos da madrugada.
Masoud Pezeshkian, presidente do Irã, moderado, por sua vez, apelou a sua população: “Cada diferença, questão ou problema tem de ser posto de lado hoje e devemos seguir fortes contra essa agressão criminosa e genocida com coerência e união”.
Líderes israelenses sugeriram ainda objetivo militar de mudar o atual regime em Teerã, ao tentar, sem sucesso, instigar a população contra as instituições.
Em contrapartida, o ministro de Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, reiterou que basta suspensão dos ataques do lado israelense para conter a escalada.
A Guarda Revolucionária emitiu uma nota pela imprensa oficial, ao apontar “operações efetivas, precisas e cada vez mais devastadoras contra alvos vitais” em Israel.
Para Elijah Magnier, analista político-militar, em contato com a rede Al Jazeera, trata-se “apenas dos primeiros dias de guerra”.
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