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Diplomatas suíços denunciam cumplicidade do governo no genocídio em Gaza

4 de junho de 2025, às 16h26

Protesto pró-Palestina em Genebra, na Suíça, em 25 de janeiro de 2025 [Beyza Binnur Donmez/Agência Anadolu]

Cinquenta e seis ex-diplomatas da Suíça emitiram uma carta aberta em condenação ao que descreveram como “silêncio e passividade” de seu governo sobre crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos por Israel em Gaza.

Segundo o alerta, Israel conduz uma “limpeza étnica genocida”, em violação de normas e leis internacionais, ao exigir, portanto, medidas punitivas imediatas.

Endereçada ao ministro de Relações Exteriores, Ignazio Cassis, e publicada neste fim de semana, a carta pede à Suíça que rejeite abertamente a reocupação militar na Faixa de Gaza, bem como planos para expulsar sua população civil.

Os signatários incluem diplomatas de alto escalão, como ex-embaixadores a Alemanha, Estados Unidos, Irã e outros países do Oriente Médio. Entre eles, estão Paul Seger, Tim Guldimann, Urs Ziswiler, Didier Pfirter, Jean-Daniel Ruch e Philippe Welti.

Os diplomatas reiteraram ainda repúdio a qualquer cooperação entre o governo suíço e a chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF) — órgão vinculado a Israel e Estados Unidos, responsável por chacinas contra multidões carentes nos últimos dias.

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Para os especialistas, a iniciativa é incompatível com princípios-base das Nações Unidas como neutralidade, transparência e independência. A fundação, apontam, sugere novo mecanismo de controle israelense sobre a população.

A carta reivindicou ainda suspensão de todos os acordos científicos e acadêmicos com instituições israelenses, bem como investimentos suíços nas indústrias de inteligência e segurança de Israel.

“A Suíça não pode ser cúmplice, financeira ou institucionalmente, de um regime militar engajado no assassinato em massa e no deslocamento do povo palestino”, acrescentou a carta.

Para os diplomatas, é crucial que Berna impeça a entrada em seu território de qualquer indivíduo sob mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), como o premiê israelense Benjamin Netanyahu e colonos extremistas já condenados.

A declaração exige ainda claro rótulo de produção israelense de todos os produtos do país importados à Suíça, sobretudo originários de assentamentos ilegais.

Sobre uma mudança política, os diplomatas instaram da Suíça que reconheça o Estado da Palestina, ao se juntar aos 148 membros das Nações Unidas que já o fizeram, além de pressionar pela soltura de todos os reféns palestinos aprisionado por Israel sem sequer julgamento — estimados em quase quatro mil pessoas.

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