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Lobby sionista em ação: presidente da Câmara Municipal de S. Paulo cancela evento dos 77 anos da Nakba

14 de maio de 2025, às 13h02

Ricardo Teixeira – presidente da Câmara Municipal de S. Paulo [Rede Câmara]

Na véspera da realização do evento que marcaria, nesta quarta-feira,  os 77 anos da Nakba – massacre e expulsão dos palestinos de sua terra para instalação do Estado de Israel – o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Ricardo Teixeira (União) anunciou o cancelamento do evento programado pela Bancada de Direitos Humanos, Núcleo Palestino do PTFórum Latino Palestino.

Folder do Fórum Latino Palestino, Bancada de Direitos Humanos e Núcleo Palestino do PT convocando para ato, agora cancelado pelo presidente da Câmara Municipal

Em uma nota que não explica nada, além da própria decisão arbitrária de suspender uma atividade na data mais cara à luta e à diáspora palestina, até hoje impedida de retornar ao solo de seus pais e avós, o presidente atende aos desejos sionistas que pressionam pelo silenciamento das críticas a Israel e ao genocídio. 

No ato de suspensão, Teixeira diz que o regimento da Câmara lhe permite “realizar uma análise mais aprofundada acerca da compatibilidade do ato com as funções institucionais do Legislativo paulistano.” E sugere que o ato da comunidade palestina, que sofre com o avanço das mortes em Gaza, pode não estar alinhado com respeito e diplomacia. 

A atividade “77 Anos da Nakba – Uma aula de resistência,  seria realizada no Palácio Anchieta, solicitada pela vereadora  Luna Zarattini, e sua aprovação deveria ser apenas uma formalidade, em respeito a uma mandatária eleita pelo voto popular e líder do PT no Legislativo Municipal. 

Folder do evento pelos 77 Anos da Nakba, com BNegão, no Al Janiah

Nakba significa a catástrofe vivida pelos povos originários da Palestina com a imposição forçada do Estado de Israel e o início bárbaro de um processo de limpeza étnica – eliminação ou expulsão de um povo de sua terra – e de genocídio que continua até hoje. 

O evento deveria tratar não apenas das vítimas de 1948, mas também dos 53 mil palestinos assassinados por Israel no último ano e meio, 120 mil feridos e 11 mil desaparecidos.

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 O Núcleo Palestina do PT lembra que a censura já ocorreu em 2024 e que a Câmara Municipal aprovou um projeto que celebra o 7 de outubro sob uma ótica que ignora a realidade palestina. O partido alerta contra Projetos do Lobby Sionista: O PL 371   deste ano, Adrilles Jorge, proíbe manifestação: “Estamos combatendo projetos de lei que desconsideram os direitos palestinos….Não podemos aceitar narrativas que omitem a história e o sofrimento do povo palestino.”

Para o presidente do Forum Latino Palestino, Mohamed El Kadri, as pressões sionistas estão ocorrendo em todo país e é preciso alertar parlamentares e sociedade, porque o genocídio precisa ser denunciado e não servir como defesa de Israel, censura e perseguição às pessoas solidárias com a Palestina.

No Congresso Nacional, um projeto do deputado Pazuello propõe a adoção oficial da definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) no Brasil, um texto malicioso que permite criminalizar a crítica ao Estado de Israel como se fosse ódio ao povo judeu.

Apesar da censura imposta por Ricardo Teixeira, a comunidade palestina e movimentos solidários em todo mundo não deixarão de celebrar a resistência palestina na passagem da Nakba. Em São Paulo, a Frente Palestina SP terá atividade político-cultural no Espaço Al Janiah, na quinta-feira (15), com participação do músico BNegão, e marcha no sábado (17), com concentração a partir das 15h,  em frente ao Masp.

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