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Hamas descarta acordo em meio a ‘guerra de fome’ travada por Israel

7 de maio de 2025, às 14h46

Palestinos deslocados aguardam refeições distribuídas por organizações beneficentes, em al-Mawasi, em Khan Yunis, no sul de Gaza, em 3 de maio de 2025 [Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu]

“Não há sentido” para realizar negociações de cessar-fogo com a ocupação israelense à medida que esta mantém sua “guerra de fome e extermínio” na Faixa de Gaza, alertou nesta terça-feira (6) Bassem Naim, membro do gabinete político do grupo Hamas.

Naim reivindicou da comunidade internacional que pressione Israel para dar fim a seus “crimes de fome, sede e assassinato” perpetrados contra os palestinos.

“Não há sentido em se engajar em conversas e considerar supostas propostas de cessar-fogo enquanto essa guerra de fome e extermínio prosseguir em Gaza”, reiterou Naim à rede internacional AFP.

Mahmoud Mardawi, político sênior do Hamas, insistiu que o movimento não cederá à intimidação e chantagem do regime israelense, em troca dos direitos palestinos e seus respectivos lugares sagrados.

“A resistência não aceitará a oferta israelense apresentada em 13 de abril, sob ameaça, mas manterá seu firme posicionamento, que usufrui de extenso apoio de nosso povo”, declarou Mardawi, ao rejeitar, portanto, “acordos parciais”.

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“Não haverá acordo a menos que seja abrangente, incluindo um cessar-fogo completo, retirada total [da ocupação] de Gaza, reconstrução do que foi destruído pela guerra e soltura de todos os prisioneiros de ambos os lados”, acrescentou.

As declarações de membros de destaque do Hamas coincidem com relatos de mídia de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estabeleceu como prazo para um novo acordo sua iminente visita à região.

Trump, porém, insiste na libertação incondicional dos prisioneiros de guerra israelenses ainda em Gaza, estimados em 59 colonos e soldados, dentre os quais 24 vivos.

Em contraste, ao menos 9.500 mil palestinos permanecem encarcerados por Israel, sob violações gravíssimas incluindo tortura, fome, negligência médica e estupro, de acordo com sucessivos relatórios de ongs palestinas, israelenses e internacionais.

António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, de sua parte, expressou receios sobre os planos israelenses, incluindo expansão das ações militares em Gaza, ao prever “incontáveis baixas e destruição generalizada” no território palestino.

Guterres voltou a pedir fim da violência e proteção a civis. 

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com mais de 52 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sobretudo mulheres e crianças.

Em novembro de 2024, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

O Estado de Israel é ainda é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) — corte-irmã do TPI; ambas em Haia —, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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