Um alto diplomata americano para o Oriente Médio delineou, na quinta-feira (24), uma série de exigências que a liderança síria deve cumprir em troca de qualquer possível alívio das sanções, sinalizando a abertura de Washington para retomar o engajamento caso haja progresso em frentes importantes, informou a Agência Anadolu.
Tim Lenderking, alto funcionário do Escritório de Assuntos do Oriente Próximo do Departamento de Estado durante o governo Trump, detalhou a posição dos EUA durante um webinar promovido pelo Conselho Nacional de Relações EUA-Árabes.
Ele enfatizou que, embora as sanções permaneçam em vigor, há espaço para flexibilidade caso as autoridades interinas demonstrem alguma mudança.
“Estamos buscando uma oportunidade para construir confiança”, disse Lenderking. “Essas não são questões que podem ser remediadas da noite para o dia, mas há um interesse por parte dos Estados Unidos em se envolver e realmente ver do que esses caras são feitos.”
As principais expectativas dos EUA incluem informações confiáveis sobre americanos detidos ou desaparecidos em prisões sírias, principalmente o jornalista Austin Tice, de acordo com Lenderking.
Ele observou que, embora estivesse “muito satisfeito” com o encontro de 19 de janeiro entre o presidente sírio Ahmed Al-Sharaa e a mãe de Tice, Deborah, “precisamos saber onde ele está”, acrescentando que o destino de outros americanos desaparecidos também precisa ser esclarecido.
“Estamos muito interessados e determinados a garantir que o Irã não recupere o controle sobre o território sírio”, disse ele, acrescentando que os EUA também querem garantias de que o Irã e seus aliados serão mantidos fora do território sírio.
Ele instou o governo sírio a continuar os esforços para combater o terrorismo — especialmente o Daesh — e saudou o acordo assinado em março entre as Forças Democráticas Sírias (FDS) e o governo sírio para “integrar o nordeste em uma Síria unificada”.
“Reconhecemos que a implementação desses acordos está repleta de desafios, mas as partes devem chegar a uma solução que garanta que o ISIS [Daesh] e qualquer outro grupo terrorista nunca mais possam ressurgir na Síria”, acrescentou.
Lenderking enfatizou a necessidade de destruir todas as armas químicas e precursores e de adotar princípios de não agressão contra os Estados vizinhos.
Ele pediu responsabilização pelas atrocidades cometidas durante a guerra, incluindo a violência de março em Latakia, noroeste da Síria, que ele atribuiu ao Irã e aos remanescentes do regime de Assad.
Ele também exigiu que todos os combatentes estrangeiros fossem expulsos do governo e de cargos de segurança na Síria.
“Consideraremos o alívio das sanções, desde que as autoridades interinas tomem medidas concretas nas direções que articulei”, disse ele. “Queremos que a Síria tenha uma segunda chance.”
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