O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou cortar o financiamento federal de universidades que permitam o que ele caracterizou como “protestos ilegais”, em publicação nas redes sociais, denunciada por grupos de direitos civis como ataque às liberdades de expressão e assembleia.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Sua postagem desta terça-feira (4) repete ideias promulgadas via decretos executivos em seu primeiro mandato, em 2019, bem como logo após seu retorno à Casa Branca, em 29 de janeiro, em determinação na qual descreveu o movimento de protesto estudantil pró-Palestina que varreu os campi no ano passado como “antissemita”.
“Todo o financiamento federal será CORTADO a qualquer faculdade, escola ou universidade que permitir protestos ilegais [sic]”, insistiu o presidente. “Agitadores serão presos e/ou enviados permanentemente de volta ao país de onde vieram. Estudantes americanos serão expulsos permanentemente ou, dependendo do crime, presos. CHEGA DE MÁSCARAS!”
O gabinete de Trump não respondeu a perguntas sobre como caracterizar um protesto como ilegal, tampouco quais seriam as condições de prisão a manifestantes.
A Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos protege a liberdade de expressão e assembleia — princípio seletivo aos regimes americanos.
A Fundação para Direitos e Expressão Individual, grupo sem fins lucrativos, alertou que a ameaça de Trump é “profundamente assustadora”, ao impor aos estudantes “temores de punição por discursos políticos protegidos”.
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“O presidente não pode forçar instituições a expulsar estudantes”, reiterou o comunicado.
O governo dos Estados Unidos não controla, tampouco administra colégios e universidades, sejam privados ou públicos, embora a presidência tenha capacidade limitada de incentivar objetivos políticos por meio de financiamento federal distribuído pelo Departamento de Educação.
A ordem executiva de Trump em janeiro restabeleceu uma ordem semelhante que ele assinou em 2019, instruindo o Departamento de Educação a investigar universidades que recebem financiamento federal se não protegerem estudantes e funcionários judeus do antissemitismo.
Trump também requereu de seu secretário de Estado, Marco Rubio, que manifestantes estrangeiros, admitidos no país com visto, de estudante sejam imediatamente deportados.
Ao longo do genocídio israelense em Gaza, estudantes montaram acampamentos solidários nos campi — iniciativa que partiu da Universidade de Columbia e se disseminou ao redor do mundo.
Os protestos pediam desinvestimento de seus colégios em empresas cúmplices da ocupação militar israelense dos territórios palestinos.
O então governo de Joe Biden atacou os protestos como “antissemitas”, apesar da presença de estudantes judeus. Gestões bipartidárias, bem como contraprotestos sionistas, deflagraram violência policial, racismo e islamofobia contra os manifestantes.
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