“Estamos aqui e vamos morrer aqui”, foram as palavras de Rashad Mansour, que nasceu em 1946, ao reagir à proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para “tomar o controle” de Gaza e expulsar os palestinos, para criar uma “Riviera do Oriente Médio”.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Mansour era uma criança quando foi deslocado à força pela primeira vez, junto de sua família, durante a Nakba ou “catástrofe” de 1948, quando foi criado o Estado de Israel, mediante limpeza étnica planejada.
Na ocasião, cerca de 800 mil palestinos nativos foram expulsos de suas terras ancestrais e 500 aldeias e cidades foram destruídas.
Nunca mais deixaremos nossa terra. Rejeitamos todos os apelos para nos tirarem daqui.
Na terça-feira (4), durante coletiva de imprensa na Casa Branca, ao lado do primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, Trump sugeriu expropriar a região, ao insistir que Egito e Jordânia receberiam os refugiados.
As declarações incitaram repúdio internacional, incluindo de ambos os países supracitados.
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A sugestão do oligarca do ramo imobiliário e atual presidente americano, contudo, constitui transferência compulsória sob as Convenções de Genebra de 1949, isto é, crime de guerra e lesa-humanidade.
Como boa parte da população de Gaza — descendentes ou refugiados diretos das aldeias destruídas durante a Nakba —, Mansour sonha em regressar à casa de sua família, em Bayt Daras, ao norte de Gaza, aldeia que não existe mais.
“Ao país de que fui expulso, vou retornar”, declarou. “Pode ter certeza”.
Sobre os colonos israelenses que habitam hoje Bayt Daras, ressaltou Mansour: “Essa terra não é deles. Essa terra é nossa. Vivemos várias vidas ali — nossos pais e nossos avós”.
Durante o genocídio em Gaza, entre outubro de 2023 e janeiro de 2025, Mansour foi novamente deslocado à força, desta vez de sua casa em Khan Yunis, no sul da faixa, a Rafah, na fronteira com o Egito, junto de seu filho, sua nora e seus netos.
Com o cessar-fogo, voltaram a Khan Yunis.
Para um homem cuja vida inteira se passou em meio à Nakba contínua, imposta pela colonização de Israel, a última rodada de violência foi, no entanto, a pior: “Nos levou todo mundo, não importa quem; jovem ou velho, bom ou mal. Foi feroz”.
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